sábado, 9 de julho de 2016

O caminho para a felicidade

domtotal.com
O comentário do Evangelho, correspondente ao 15º Domingo do Tempo Comum.
A compaixão é o que faz com que o amor se movimente em direção àquele que sofre.
A compaixão é o que faz com que o amor se movimente em direção àquele que sofre.

Por Maria Cristina Giani

Evangelho de Lucas 10,25-37

Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus, perguntou:
"Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?"
Jesus lhe disse:
"O que é que está escrito na Lei? Como você lê?"
Ele então respondeu: "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo."
Jesus lhe disse:
"Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!"
Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?"
Jesus respondeu:
"Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’."
E Jesus perguntou:
"Na sua opinião, qual dos três foi próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?" O especialista em leis respondeu: "Aquele que praticou misericórdia para com ele."
Então Jesus lhe disse: "Vá, e faça a mesma coisa."

Eis o comentário

O evangelho de hoje apresenta o núcleo central da proposta de vida que Jesus faz, deixando em evidência que o cristianismo não é um conjunto de teorias ou bonitas palavras, senão uma práxis de vida.

A narração é um diálogo entre um especialista em leis e Jesus. Este homem sem nome parece ter intenções não muito claras com respeito a Jesus, mas formula uma pergunta que muitos levam no coração: "Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?", ou seja, qual é o caminho da felicidade, mas dessa felicidade que não tem fim?

Interrogado por Jesus sobre o que diz a lei a respeito, ele responde corretamente: "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo".

Mas não basta só com saber, o importante é praticar o que se crê, o que se sabe de coração para ser verdadeiramente feliz, por isso Jesus manda: Faça isso, e viverá!».

O especialista em lei continua seu interrogatório: "E quem é o meu próximo?".

Jesus vai responder-lhe utilizando uma parábola, joia do evangelho, por meio da qual revoluciona o conceito do próximo. No Antigo Testamento próximo é o israelita, diferente do estrangeiro que vive em outras nações. E também é o estrangeiro que foi viver no território de Israel.

Mas para Jesus, o próximo vai ser aquela pessoa à qual eu me aproxime, eu me faça próximo dela! Aqui está a mensagem central desta parábola. O outro/a não é meu próximo nem pela sua raça, nacionalidade ou religião, o é quando eu decido que o seja, porque coloco minha vida “ao lado” da sua para o que ele/a precisar.

Este movimento que me aproxima desse jeito das pessoas, tem como motor a compaixão: “Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão”. Isso foi o que faltou tanto ao sacerdote, como ao levita, os dois fizeram o mesmo caminho que o samaritano, viram o mesmo homem ferido, mas não tiveram compaixão, por isso seguiram indiferentes.

A compaixão é o que faz com que o amor se movimente em direção àquele que sofre em silêncio ou a gritos, gerando caminhos de vida e salvação.

O amor que brota da compaixão é exageradamente criativo e ativo. Detenhamo-nos nos verbos que utiliza Lucas para narrar o que o samaritano faz movido pela compaixão: se aproxima, faz curativos, derrama óleo e vinho nas feridas, coloca o homem no próprio animal, o leva a pensão, cuida dele, paga com seu dinheiro e encomenda o ferido aos cuidados do dono da pensão!

O jeito do samaritano de se fazer próximo do homem ferido é amar gratuitamente e sem limites, colocando tudo o que tem a serviço, poderíamos dizer, de uma maneira quase maternal, do outro.

Chegados a este momento da narrativa do evangelho, podemos em um primeiro momento nos perguntar de quem nos temos feito próximos nesta semana que passou, ou de quem nos podemos fazer próximos na semana que está por iniciar? E, em um segundo momento, à luz do amor do samaritano, “examinemos” nosso amor...

Ao finalizar a parábola Jesus envia ao seu interlocutor, que pode ser cada um de nós que hoje nos deixamos interpelar pela sua Palavra: “Vá e pratica a misericórdia!”. Ser cristão, cristã hoje é viver e praticar a misericórdia deDeus, do jeito que ele o faz! Esse é o segredo para alcançar a felicidade sem fim.

Instituto Humanitas Unisinos
*Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado.

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