terça-feira, 2 de agosto de 2016

A grande farsa do aquecimento global?

 domtotal.com
Efeitos do aquecimento é resultante de uma série de fatores subjacentes concomitantes.
Através da Engenharia Sustentável soluções de problemas da humanidade se tornarão tangíveis.
Através da Engenharia Sustentável soluções de problemas da humanidade se tornarão tangíveis.

Por Jose Antônio de Sousa Neto*
Existem dois filmes que sempre recomendo para serem vistos em sequência: Uma Verdade Inconveniente que é um filme documentário (que pode ser encontrado em uma sequência de vídeos através do YouTube) apresentado pelo ex-vice presidente dos EUA, Al Gore, e o documentário produzido pelo Channel 4 da televisão britânica, The Great Global Warming Swindle (A grande farsa do aquecimento global), cujo link, para facilidade de referência do leitor, acrescento a este texto: https://www.youtube.com/watch?v=tpvpiBiuki4

São basicamente dois os argumentos centrais do debate e dos dados trabalhados para construir as informações que lhes dão sustentação. No primeiro caso o aquecimento global é atribuído prioritariamente a ações humanas e ao crescimento dos níveis de CO2 na atmosfera.  Através de métodos científicos como, por exemplo, o estudo de camadas de gelo no continente antártico, é possível retroceder milhares de anos para conduzir a investigação. No segundo caso as evidências apontam para um fator externo determinante: O ciclo solar, o aparecimento de manchas na superfície do “astro rei” e sua correlação direta com a temperatura da terra medida pelos cientistas ao longo de centenas de anos.

Não estamos dizendo que o debate de ambos os lados seja absolutamente isento de interesses políticos e econômicos. Neste caso e em muitos outros quase nunca o são, mas os dois filmes / documentários, apesar de terem sido produzidos já faz alguns anos, continuam absolutamente atuais e parecem bem fundamentados. Sob o ponto de vista da ciência também é possível ponderar, e é na verdade de bom alvitre fazê-lo, que os efeitos do aquecimento global não têm uma única causa determinante, mas é resultante, como quase sempre a investigação científica acaba por esclarecer, de uma série de fatores subjacentes concomitantes.

Evidentemente que as discussões sobre as questões de sustentabilidade são, antes de quaisquer considerações de ordem técnica, essencialmente de natureza ética e moral. Essa é a base que não se pode perder de vista ou mesmo relativizar. Mas tendo isso como ponto de partida, consideramos ainda esta discussão um tema obrigatório e assistir aos filmes / documentários sugeridos acima como uma empreitada que vale a pena por algumas razões importantes:

Pelo acessível exemplo sobre o debate científico e seus desafios.
Por instigar o entendimento de que na busca de soluções é preciso profundidade na avaliação de temas complexos.
Pelas implicações humanitárias, sociais e mesmo econômicas sem as quais a ciência se desvia de sua verdadeira essência.
Pelos problemas de ordem prática e desafios técnicos resultantes.
Pelas imensas oportunidades para o desenvolvimento tecnológico e para o progresso da humanidade como um todo quando os grandes desafios são contrapostos ao indômito espírito humano.
Sobretudo, a última razão me remete a uma passagem do Alcorão que descreve de uma forma interessante um diálogo entre aquele que veio a se tornar o anjo caído e Deus. No diálogo o anjo questiona o Criador mais ou menos da seguinte forma: Argumenta que enquanto estava junto a Ele e a louvá-lo, o Criador havia decidido colocar no mundo uma criatura, o homem, que iria por fogo neste mesmo mundo. A resposta de Deus foi simples, profunda, absolutamente maravilhosa e definitiva: “Eu sei o que não sabeis”. Não consigo ver este diálogo sob uma perspectiva que não inclua o que aprendemos no antigo e no novo testamento e, sobretudo, as mensagens e ensinamentos de Jesus a respeito do potencial humano quando o caminho escolhido é o caminho do bem.

Também não consigo deixar de fazer a conexão entre a ciência e a engenharia através da qual as soluções para inúmeros problemas da humanidade se tornarão tangíveis e viáveis. Falo, sobretudo, da Engenharia Sustentável que é sem dúvida um dos pilares fundamentais do futuro de todas as engenharias. É a busca da efetividade (eficiência + eficácia), mas em harmonia com todo o nosso entorno. É o engenho humano com responsabilidade social. Voltarei, aqui ao longo das próximas semanas, a este tema da Engenharia Sustentável e ao enorme desafio de conciliar adequadamente os legítimos objetivos de retorno econômico e financeiro de projetos e empreendimentos com os valores e as obrigações fundamentais de caráter ético e moral que devem estar presentes na ciência e na engenharia.

Finalmente tudo isso não pode deixar de me remeter ao ensino da engenharia e à criação da nova Escola de Engenharia de Minas Gerais, a EMGE da qual faço parte; ao objetivo de prover oportunidades educacionais nos campos das engenharias de produção, civil, elétrica, química e da computação de modo a permitir aos alunos alcançarem competência nas suas respectivas especialidades ao mesmo tempo em que reconheçam suas responsabilidades sociais; à importância de prover uma robusta fundamentação nas ciências da engenharia e nas ciências exatas a elas subjacentes, sem abrir mão das ciências sociais e das ciências humanas. Voltando ao início deste texto, para mim, no começo dos cursos da EMGE, a Introdução à Engenharia já começa por aí. Este é um debate fundamental que ilustra, antes do “fazer” a engenharia, o “pensar” a engenharia. Para isto, dentre tantos outros exemplos, os filmes / documentários sobre o aquecimento global são um excelente pano de fundo.

Para encerrar só mais uma coisa: Você não precisa ter nenhum interesse em engenharia para ver os documentários. Vale a pena dar uma olhada se você tiver um tempo. Ao final das contas o planeta é seu também!

*Jose Antônio de Sousa Neto: Professor da Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE). PhD em Accounting and Finance pela University of Birmingham no Reino Unido.

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