sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O lugar teológico-pastoral da devoção eucarística

domtotal.com
Precisamos nos reunir ao redor da eucaristia como verdadeiro alimento de humanização.
É preciso que o encontro da refeição eucarística inspire um autêntico testemunho cristão no mundo.
É preciso que o encontro da refeição eucarística inspire um autêntico testemunho cristão no mundo.

Por Felipe Magalhães Francisco*
A eucaristia revela a vida da Igreja: é para a comunhão que o Espírito nos congrega, fazendo-nos experimentar, por antecipação, nossa vida plenamente participante da vida de Deus. Participando, antecipadamente, da liturgia celeste, como num antegozo, a eucaristia nutre nossa caminhada, a fim de que, verdadeira e plenamente, alcancemos a concretização da comunhão no Reino de vida e justiça abundantes.

Fazer memória do Mistério Pascal de Jesus é, nessa perspectiva do nutrir de nossa caminhada, dar passos rumos à configuração de nossa vida à vida de Jesus, aquele que nos revela não só o rosto do Pai, bem como a realização de nossa humanidade. Precisamos, também por isso, reunirmo-nos ao redor da eucaristia, como verdadeiro alimento para nosso processo de humanização como cristãos e cristãs, filhos e filhas de Deus, no testemunho do Reino.

Essa é a dimensão que o XVII Congresso Eucarístico Nacional, previsto para a próxima semana, de 15 a 21, em Belém do Pará, precisa despertar no coração e na vida dos fiéis. Para além da pura questão devocional, é preciso que o encontro para a refeição eucarística continue a inspirar um autêntico testemunho cristão no mundo, afinal, somos chamados a nos configurar àquele que comungamos. Iluminadora, nesse sentido, é a Oração Eucarística VI-D, que reza: “Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles. Vossa Igreja seja testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo”.

Dada a importância de tal evento para a Igreja no Brasil, dedicamos nossa matéria especial desta semana a esta temática, na qual queremos abordar uma perspectiva teológica, numa dinâmica crítica a respeito da devoção eucarística, tão viva no seio de nossas comunidades. Destarte, o primeiro artigo de nossa matéria, de autoria do mestre em teologia litúrgica pela FAJE, Rodrigo Ladeira, Da comunhão à adoração: uma palavra sobre culto à eucaristia fora da Missa, propõe um olhar histórico-teológico a respeito do culto eucarístico fora da missa, no qual avalia a importância do resgate da dimensão simbólico-sacramental da eucaristia, verdadeira finalidade eucarística.

O segundo artigo, de autoria da graduanda em teologia pela FAJE, Lorena Alves Silveira, Que vos ameis uns aos outros, aborda a espiritualidade eucarística, retomando a importância do discipulado cristão, inspirado na vida de Jesus, no rompimento com as injustiças e na relação com os irmãos e irmãs.

Por fim, concluímos nossa matéria com uma entrevista: A mente esteja de acordo com a voz, feita com o doutor em Teologia, o professor jesuíta Francisco Taborda, na qual ele faz uma pertinente análise sobre a devoção eucarística, seus desdobramentos teológicos na atual realidade eclesiológica em que vivemos. Na entrevista, ele aborda importantes elementos pastorais, iluminadores para o exercício evangelizador hoje.

Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Coordena, ainda, a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

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