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Por Charles Mascarenhas
Não há como negar que Pernambuco se tornou um dos grandes produtores de cinema do Brasil. Isso devido a uma trajetória iniciada, há 20 anos, pelo premiado Baile Perfumado (1996), dos diretores e roteiristas Lírio Ferreira e Paulo Caldas.
De lá para cá, foram muitos os nomes que contribuíram para a sólida carreira que o cinema pernambucano tem na atualidade. Destacam-se as obras de Gabriel Mascaro (Boi Neon, 2015), Hilton Lacerda (Tatuagem, 2013), Marcelo Lordello (Eles Voltam, 2012) e Kleber Mendonça Filho (O Som ao Redor, 2012).
Kleber Mendonça acaba de lançar seu segundo longa-metragem de ficção, Aquarius, aclamado no Festival em Cannes e vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de Sydney (2016). Aquarius, estreou na última semana nas salas de cinemas brasileiras. Em Salvador, teve participação especial de Sonia Braga.
O longa conta a história de Clara (Sonia Braga), uma crítica musical, jornalista aposentada, mãe de três filhos. Ela era a última residente do edifício Aquarius, localizado na orla de Boa Viagem, Recife, que foi comprado por uma construtora que deseja demolir o imóvel para construir um desses novos prédios arranha-céus.
Diferentemente dos outros moradores que se renderam às propostas da construtora, Clara se recusa a deixar o prédio onde viveu grande parte de sua vida. Ali estão expostas todas as suas memórias, seja num álbum de fotografia, ou em alguns móveis que ela ainda preserva.
Além disso, a narrativa explora também as relações sociais. A elite, representada pelo personagem Diego (Humberto Carrão), neto do dono da construtora e engenheiro recém-formado, que não quer nem saber se aquele imóvel pode representar algo para uma pessoa. Ele não vê a hora de prosseguir com seu primeiro plano de engenharia e demolir todo aquele velho edifício. De maneira covarde, planeja estrategicamente ações para incomodar e expulsar a única moradora.
Ao mostrar personagens femininas ousadas, guerreiras, que superam as mais complicadas situações, como o câncer da personagem principal, o filme evidencia o poder e disposição de Clara em enfrentar a guerra que foi travada contra a construtora.
Com isso, vemos que Kleber Mendonça Filho fez de sua obra um amplo espaço para apresentar e discutir o Brasil, pautando principalmente a resistência e memória.
Charles Mascarenhas
Graduando em cinema e audiovisual pela PUC-Minas e estudante de cursos livres de teatro.
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