domingo, 4 de setembro de 2016

Jacob Tremblay vive menino com dom de materializar sonhos no suspense 'O Sono da Morte'

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Jacob Tremblay em “O Sono da Morte”.
Jacob Tremblay em “O Sono da Morte”.
Por Nayara Reynaud

“Os seus sonhos podem se tornar realidade” serve de frase de motivação para tantas pessoas que já se tornou até um clichê piegas. Mas, para Cody, o menino especial vivido por Jacob Tremblay em “O Sono da Morte”, a afirmação é literalmente verdadeira.

O ator mirim, que encantou a todos pelo talento e o carisma em “O Quarto de Jack” (2015), havia filmado bem antes este longa de Mike Flanagan, diretor que vem fazendo seu nome dentro do terror, com O Espelho (2013) e Hush: A Morte Ouve (2016), lançado diretamente na Netflix.

Talvez por isso tenha se optado pela estratégia de divulgação errada de atribuir seu “novo” trabalho ao mesmo gênero, sendo que a história dos pais que perderam o filho e decidem adotar uma nova criança peculiar está mais para um suspense dramático com toques fantásticos do que para o horror.

Em certa medida, apesar de guardar semelhanças com sua própria filmografia, a obra de Flanagan segue um caminho visto recentemente em “Boneco do Mal” e, especialmente, em “Mama”.

Os pais ainda com dificuldades para assimilar a morte do pequeno Sean (Antonio Romero), após um acidente domiciliar, são interpretados por uma dupla de atores com experiência na área do terror e do suspense. Kate Bosworth, de “Sob o Domínio do Medo” e “Terror na Ilha”, e Thomas Jane, de “O Nevoeiro” e “O Apanhador de Sonhos”, são o casal Jessie e Mark, que adota Cody, um menino que, apesar da tenra idade, já sofreu o trauma de ser abandonado por algumas famílias. Esta é a causa a que seus novos responsáveis atribuem para seus distúrbios do sono.

Mas o garoto tem os seus motivos para até se beliscar a fim de não dormir de qualquer modo: seus sonhos se materializam ao seu redor, em formas magnificamente belas. Porém, seus pesadelos podem ser mortais.

É interessante como todos os personagens principais têm de superar o luto de algum jeito e o fazem de maneiras diferentes. A óbvia discussão do sentimento de substituição envolvido nesta adoção mistura-se com a exploração realizada por Jessie ao descobrir que Cody pode ser uma chave para ela ter o filho de volta.

O roteiro psicológico de Mike e Jeff Howard, seu parceiro no texto de “O Espelho”, deixa o subconsciente do menino aflorar em bonitas imagens oníricas, condizentes com o nível de apreensão de uma criança em cada fase de sua vida – vide o aperfeiçoamento das formas das borboletas, tão amadas pelo garoto e que em sua natural transformação representam uma clara alegoria com o seu amadurecimento e a necessidade dos três de se transformar no meio da dor.

Contudo, se a concepção visual realizada até então é eficiente, a figura do Homem-Cancro, bem diferente do colega de pesadelo Freddy Krueger, vai perdendo seu poder aterrorizante no decorrer da trama. O clímax é quase um anticlímax, não pela resolução sentimental, que encontra uma justificativa muito mais terrena do que sobrenatural, mas pela confusa e pouco impactante construção da sequência.

Flanagan também apresenta dificuldades para encontrar o tom entre o drama e os sustos, mesmo com a competência de Bosworth e a capacidade de gerar empatia de Tremblay. A irregularidade da narrativa não impede, no entanto, que a mensagem chegue de maneira direta para o público, particularmente àqueles que encontrarem nela certa identificação por alguma perda pessoal.

Clique aqui, confira o trailer e onde o filme está em cartaz na Agenda Cultural!


Reuters

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