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O real valor da reunião da comunidade deve ser experimentado e partilhado pelos fiéis.
Precisamos investir na Palavra para celebrar a presença de Jesus Ressuscitado na comunidade.
Por Felipe Magalhães Francisco*
As Celebrações da Palavra de Deus, presididas e animadas por leigos e leigas, são uma feliz realidade na vida eclesial, sobretudo nas periferias e comunidades rurais. Verdadeiros encontros que manifestam o mistério da páscoa de Cristo, as Celebrações da Palavra são mais que celebrações em que há a ausência de ministros ordenados: elas revelam a presença viva de Jesus, a Palavra de Deus encarnada, no seio da comunidade, que se mantém, graças à ação do Espírito.
De fato, as Celebrações da Palavra são uma solução pastoral para as comunidades que não podem celebrar, dominicalmente, a eucaristia, pelo número reduzido de presbíteros. A ausência de ministros ordenados para a presidência da celebração dominical da fé, a eucaristia, não significa que o Dia do Senhor não possa ser celebrado e que a riqueza e o valor da reunião da comunidade, não sejam experimentados e partilhados pelos fiéis. É justamente por isso que precisamos, sempre mais, investir na ministerialidade que nasce da Palavra e que garante a muitos fiéis a possibilidade de celebrarem a presença de Jesus Ressuscitado no seio da comunidade.
E é justamente sobre a experiência de Jesus, como forte presença nos muitos elementos celebrativos, sobretudo na assembleia reunida e na Palavra proclamada, que o primeiro artigo de nossa matéria especial fala. Refletindo sobre A celebração da Palavra como ação de Jesus Cristo no meio do povo, o Pe. Danilo César nos propõe um olhar sobre a Celebração da Palavra, a partir da presença de Jesus no seio da comunidade de fé. Abordando o tema da sacramentalidade da Palavra e a importância da assembleia litúrgica, o artigo nos convida à revisão do discurso ministerial na Igreja, na perspectiva da legitimidade da presidência leiga da Celebração da Palavra.
Desdobrando essa importante questão da presidência leiga da Celebração da Palavra, a Maria de Lourdes Zavarez aborda a questão do feminino, no artigo A Celebração da Palavra e o protagonismo feminino na Igreja. Fazendo uma leitura crítica sobre a ministerialidade feminina na Igreja, a autora nos ajuda a perceber as luzes e as sombras da pastoral da Igreja no Brasil, a respeito do protagonismo feminino nas comunidades de fé.
Expandindo a reflexão e trabalhando um tema de grande discussão nos meios eclesiais, o Pe. Márcio Pimentel nos propõe o artigo O Senhor esteja convosco, no qual faz uma leitura crítica a respeito da presidência leiga da Celebração da Palavra, a partir da questão da saudação presidencial. Lendo, criticamente, outros ritos da vida litúrgica da Igreja, o autor nos propõe uma hermenêutica sobre o uso da saudação, apontando para uma teologia do diálogo entre presidência e assembleia, na liturgia.
Boa leitura!
*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).
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