Considerado um dos principais poetas do século XX, o maranhense Ferreira Gullar faleceu ontem, 4, e deixa como legado uma extensa obra que se relaciona com a história do País.
Morreu na manhã de ontem, 4, aos 86 anos, o poeta, teatrólogo e um dos ‘imortais’ da Academia Brasileira de Letras, o maranhense Ferreira Gullar, vítima de pneumonia.
O escritor estava internado havia cerca de 20 dias num hospital do Rio de Janeiro por conta de uma insuficiência respiratória. O corpo do poeta será velado durante o dia de hoje na sede da ABL, de onde seguirá para o mausoléu da Academia, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.
Gullar é considerado um dos principais poetas brasileiros do século XX. Começou cedo na literatura, aos 19 anos, com o livro Um Pouco Acima do Chão, que posteriormente avaliou como imaturo. Foi com A Luta Corporal, escrito cinco anos depois, em 1954, que entrou no circuito artístico e literário brasileiro. Chegou a escrever para teatro e televisão. Ganhou três prêmios Jabuti (em 2000, por Muitas Vozes; em 2007, por Resmungos; e em 2011, por Em alguma parte alguma) e o prêmio Camões, em 2010, outorgado a autores que tenham contribuído para o enriquecimento literário em língua portuguesa. Em 2014, foi escolhido para ocupar a cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.
Personalidades da cultura e da política brasileira lamentaram a morte do poeta. Caetano Veloso relembrou da época que esteve preso com Gullar, durante a ditadura. O cantor afirmou que “a lucidez e firmeza” do poeta “faziam dele o melhor companheiro imaginável”. José Sarney, ex-presidente e também membro da ABL, afirmou que “o Brasil perde o seu grande poeta e o Maranhão fica muito menor” com o falecimento. O cantor cearense Fagner, parceiro de Gullar em Borbulhas de Amor e Traduzir-se, por exemplo, contou que tentava convencer o poeta a trabalharem juntos em uma nova canção. “Ficava com medo de incomodá-lo. Em meu último telefonema, ele disse que mesmo cansado faria a música”. O escritor cearense Xico Sá relembrou em sua conta do Twitter obras relevantes da carreira do maranhense: “Viva o Poema Sujo, viva Dentro da Noite Veloz”, escreveu. O prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr (PDT), decretou luto oficial de três dias na cidade.
Uma parte de mim é permanente; outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem; outra parte, linguagem” (trecho do poema Traduzir-se)
A LUTA CORPORAL
(1954)
Além de lançá-lo para o Brasil, a obra motivou a aproximação de Gullar com Décio Pignatari e Augusto e Haroldo de Campos, nomes do movimento da poesia concreta
POEMA SUJO
(1976)
Considerada a obra-prima do poeta, foi concebida durante a Ditadura Militar. O extenso poema, de quase 100 páginas, foi escrito enquanto Gullar amargava o exílio político em Buenos Aires
MUITAS VOZES
(2000)
A obra compila 54 poemas independentes do escritor. Com forte traço memorialístico, o livro revela o estilo transparente de Gullar. Venceu, em 2000, o Prêmio Jabuti na categoria Poesia.
RESMUNGOS
(2006)
Vencedor do Jabuti na categoria Livro do Ano em 2007, traz crônicas escritas por Gullar publicadas na Folha de S.Paulo durante 2005. Divide-se em quatro temas: Ideias, Evocações, Temas Sociais e Política.
EM ALGUMA PARTE ALGUMA
(2010)
Vencedor do Prêmio Jabuti de Livro do ano em 2011, apresenta poesias do escritor a partir de uma reflexão poética sobre a existência.
O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário