quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O cinema neorrealista italiano

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Ladrões de Bicicleta foi roteirizado por Cesare Zavattini e tornou-se a produção mais conhecida e premiada de Vittorio De Sica.
Ladrões de Bicicleta foi roteirizado por Cesare Zavattini e tornou-se a produção mais conhecida e premiada de Vittorio De Sica.
Por Charles Mascarenhas

O Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes, em parceria com o Consulado Italiano de Belo Horizonte, realiza a mostra de Clássicos Italianos que vai até o dia 24 de março de 2017.

A programação conta com filmes produzidos entre as décadas de 1940 e 1960, que marcaram a história cinematográfica da Itália.

Dentre os cineastas mais populares dessa época destacaram-se Roberto Rossellini, Renato Castellani, Giuseppe De Santis, Vittorio De Sica, Federico Fellini e outros. Vittorio De Sica (1901-1974), além de ator também era produtor. Ele produziu quase quarenta filmes, dentre os quais destacam-se algumas obras de caráter realista e melodramático, como Vítimas da Tormenta (1946); Duas Mulheres (1960); Ontem, Hoje e Amanhã (1963) Matrimonio a Italiana (1964); Ladrões de Bicicleta(1948), e O Milagre em Milão (1951).

Ladrões de Bicicleta foi roteirizado por Cesare Zavattini e tornou-se a produção mais conhecida e premiada de Vittorio De Sica.

O filme se passa na caótica cidade de Roma, dos anos 1948, que vivia as graves consequências do final da II Guerra Mundial. O roteiro é o drama de Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani), um pai que está há bastante tempo desempregado. O personagem Ricci tem dificuldade em ser inserido no mercado de trabalho em razão da falta de emprego e das exigências de qualificações profissionais para as poucas vagas existentes.

As vagas de ofícios eram anunciadas no Ministério do Trabalho, onde Ricci aguardava diariamente juntamente com centenas de outros desempregados. Um dia ele consegue um emprego de colador de cartazes de cinema, porém exigia-se que tivesse uma bicicleta para que os trabalhos fossem executados com maior agilidade.

O que já era uma situação complicada, piorou. A família de Ricci, composta por sua esposa Maria (Lianella Carell), um bebê e o pequeno Bruno de 7 anos (Enzo Staiola), não tinha condições de comprar o básico para sobreviver e logicamente, também não tinha dinheiro para adquiriruma bicicleta. A única solução era vender os próprios lençóis de linho para comprar o novo instrumento de trabalho.
A pobre família não esperava que no primeiro dia de trabalho, quando Ricci estava no alto de uma escada colando os cartazes de filmes, a bicicleta recém-comprada fosse roubada.

A busca que era por um emprego passa a ser pela bicicleta. A polícia não dá importância ao caso, pois a cidade tinha outras prioridades. A solução foi percorrer as ruas de Roma para encontrar a bicicleta, ao lado do pequenino Bruno.

Ladrões de Bicicleta está inserido no neorrealismo italiano, corrente artística que surgiu com o fim da II Guerra Mundial, em 1945, e se preocupou em retratar a realidade da Itália no momento pós-II Guerra Mundial, através de diversas linguagens artísticas: música, pintura, literatura e cinema.

Os cineastas que aderiram ao movimento do neorrealismo italiano usavam de uma linguagem que se assemelhava ao estilo do filme-documentário. Eles retrataram em suas obras as vivências sociais, políticas e culturais da Itália nos anos de 1945 a 1955, período em que o país ainda sofria as consequências do regime fascista e da Segunda Guerra Mundial.

Os diretores envolvidos com o movimento neorrealista realizavam suas gravações nas ruas de Roma, pois tinham a finalidade de chamar atenção do mundo para o caos e a pobreza que a cidade e o país estavam vivenciando.

E é exatamente o que De Sica faz em Ladrões de Bicicleta.O diretor grava grande parte do filme nas ruas de Roma para denunciar o contexto político e econômico em que a Itália estava inserida.

Ladrões de Bicicleta foi um filme do povo feito para o povo. Vittorio De Sica usou a população italiana que sofria com a falta de desemprego para retratar o momento de caos em que estavam vivendo.

Charles Mascarenhas
Charles Mascarenhas é estudante de Comunicação Social em Cinema pela Puc-Minas, onde tem se dedicado à pesquisa sobre cinema.

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