Por: Reinaldo Azevedo
Aloysio Nunes: um senador com a coragem de dizer “o é da coisa”
Aloysio Nunes Ferreira, senador licenciado (PSDB-MG) e ministro das Relações Exteriores, é um tucano de coragem. E isso, por si só, já é notícia. Fosse o tipo de emplumado que se acoelha — para ficar nessas metáforas zoológicas —, não renderia lead. Como na máxima: se o cachorro morde o menino, não é notícia; se o menino morde o cachorro, então é.
Ele publicou a seguinte nota no Twitter:
“O ministro Fux permitiu-se zombar do senador Aécio na conclusão do voto que lhe impôs penalidade não prevista no direito brasileiro”. Segue a imagem.
Sim, é verdade! Antes que lembrem, eu lembro: Aloysio é um dos acusados na Lava-Jato. Isso precisa ser visto à luz da forma como bandidos travestidos de justiceiros andam a aplicar o direito de acusar sem provas. Quando e se chegar a hora de apresentar a sua defesa, ele o fará. Meu ponto é outro. Estou falando sobre “coragem”.
Entrei na página do PSDB para ver se existe algo sobre a decisão estúpida da Primeira Turma. Nada!
Procurei saber se a bancada do partido no Senado emitiu alguma nota de protesto. Nada!
Procurei saber ser a bancada do partido na Câmara emitiu alguma nota de protesto. Nada! E, nesse caso, a pusilanimidade não tem fundo.
Também fui em busca de alguma palavra de Tasso Jereissati, o presidente interino. Nada!
O que está circulando por aí é uma entrevista de Ricardo Trípoli (SP), líder do partido na Câmara, que aproveita o ensejo do afastamento para… fazer proselitismo contra Temer! Vocês entenderam direito! E, claro!, pisar na cabeça de Aécio.
É mesmo um homem valente!
Essa gente parece empenhada em demonstrar que ninguém é tão corajoso contra a vítima como um… tucano.
A manchete da página do partido é esta: “Partidos precisam encontrar narrativas e práticas mais próximas da sociedade, diz FHC”. Refere-se a um seminário. Não dá para ter a certeza de que a fala é mesmo do ex-presidente. Esse papo de “narrativa”, da forma como passou a ser empregada, é um lixo intelectual e, frequentemente, moral. Não raro, a nova narrativa surge de uma indústria de “fake News”. Ah, em seguida, isto: “Projeto de Bauer que obriga preso a pagar tornozeleira é aprovado na CCJ”.
Isso está mais “próximo da sociedade”, sem dúvida.
Dá para ficar mais próximo: pagar a própria comida.
Mais próximo ainda: pagar aluguel pela cadeia.
Ainda mais próximo: trabalhos forçados — ao velho estilo mesmo.
E olhem que, como diria aquele general golpistas, dá para ir fazendo mais aproximações…
Quando a institucionalidade é arrombada e quando a Constituição é fraudada, como foi nesta terça-feira, aí ninguém dá um pio. Ao contrário até: há uma correria para ver quem ocupa o lugar vazio.
Já escrevi isto aqui e repito: dado o tsunami que colheu o PT, o partido só não acabou porque, à parte uma “avis rara” como Antonio Palocci, existe solidariedade interna. “Ah, solidariedade na bandidagem”, grita o antipetista. Nem entro nesse mérito. O moralmente aceitável, até que não se tenha comprovado a culpa, é a solidariedade, sim. Quando a Constituição é violada de forma tão flagrante, a vergonha na cara pede mais do que isso. Pede reação.
Entre a causa e seu aliado, havendo a justa causa ou a causa justa, fique com a causa, claro!
No caso em questão, qual é mesmo a justa causa?
Qual é a causa justa?
Rasgar a Constituição?
Se Aécio é culpado ou inocente, que isso seja decidido quando chegar a hora do julgamento. Uma coisa é certa: Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux não podem mais votar. Eles já condenaram quem nem ainda era réu: antes das provas, antes da apresentação da defesa, fora do devido processo legal.
Como não sou tucano, então falo, não pio, com medinho…
Nenhum comentário:
Postar um comentário