sábado, 6 de janeiro de 2018

Carlos Heitor Cony morre aos 91 anos

Jornalista e escritor estava internado no Rio; causa da morte foi falência de órgãos. Autor do premiado 'Quase memória', ele era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos.
Por G1

06/01/2018 11h21  Atualizado há menos de 1 minuto
O escritor Carlos Heitor Cony posa em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, com o Corcovado ao fundo, no Rio de Janeiro, em maio de 2000 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)
Carlos Heitor Cony morreu após complicações decorrentes de uma cirurgia no intestino

O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony morreu, por volta das 23h desta sexta-feira (5), aos 91 anos. Ele estava internado desde 26 de dezembro no Hospital Samaritano, no Rio. Em 1º de janeiro, foi submetido a uma cirurgia no intestino e teve complicações. A causa da morte foi falência de órgãos.

Com uma longa carreira de jornalista, iniciada ainda nos anos 1950, e atuação nos principais jornais e revistas do país ao longo das últimas décadas, Cony era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos. Ganhou diversos prêmios e, desde 2000, era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

FOTOS: Carlos Heitor Cony
REPERCUSSÃO: amigos e personalidades lamentam
É autor de 17 romances, como "O ventre" (1958), "A verdade de cada dia", "Tijolo de segurança" e "Pilatos" (1973), uma de suas obras-primas. Depois deste último, passou mais de 20 anos sem publicar nenhum outro romance, quando lançou "Quase memória" (1995). A obra, que vendeu mais 400 mil exemplares, rendeu o Prêmio Jabuti.

Cony também escreveu coletâneas de crônicas, volumes de contos, ensaios biográficos, obras infantojuvenis, adaptações e criou novelas para a TV. Foi comentarista de rádio, função que exerceu até o fim da vida, na CBN.

Certa vez, perguntado sobre o que gostaria de ver escrito em sua lápide quando morresse, respondeu: "Meu epitáfio seria: 'Aqui não jaz Carlos Heitor Cony. Porque, realmente, aquele que for para debaixo da terra não vai ter nada comigo do que sou hoje e do que eu represento'".

Perfil de Carlos Heitor Cony
Carlos Heitor Cony veste o fardão de membro da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Ao fundo, sua mulher, Bia (Beatriz Lajta) segura o chapéu. Foto de maio de 2000 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)
Carlos Heitor Cony veste o fardão de membro da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Ao fundo, sua mulher, Bia (Beatriz Lajta) segura o chapéu. Foto de maio de 2000 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)

Carlos Heitor Cony nasceu no Rio em 14 de março de 1926. Era filho do jornalista Ernesto Cony Filho e de Julieta Moraes Cony. Dizia que, até os cinco anos de idade, foi mudo e não falou uma única palavra:

"Tive problema de fala durante muitos anos, até os 15 anos, e me refugiei na escrita. Porque eu falava tudo errado e zombavam de mim. E, quando eu escrevia, não zombavam de mim, porque eu escrevia certo. Então, eu notei que escrever, para mim, era um destino – não era uma vocação. E, até certo ponto, cumpri esse destino".
Mais velho, cursou humanidades e filosofia no Seminário de São José. Começou a carreira de jornalista escrevendo para o rádio e, em 1952, assumiu o cargo de redator do "Jornal do Brasil" – e entre 1958 e 1960 colaborou no "Suplemento Dominical" do mesmo veículo, escrevendo contos, ensaios e fazendo traduções.

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