quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Chega de violência contra LGBTs

domtotal.com
Este ano, o tema da CF é 'Fraternidade e Superação da violência', que tal aproveitar essa oportunidade e rever seus hábitos e comportamentos para com a realidade LGBT?
Como ages ou agiria se seu filho levasse um amigo homossexual para dormir em sua casa em um final de semana?
Como ages ou agiria se seu filho levasse um amigo homossexual para dormir em sua casa em um final de semana? (Reprodução/ Pixabay)
Por João Elton de Jesus*

K. Silva, 28 anos, foi jogada por ocupantes de um carro nas proximidades de um lixão amordaçada com os pés e as mãos amarrados. Foi assassinada com 27 tiros, a maioria atingiu a cabeça e deixou o rosto dela desfigurado. Waldemir, morto dentro da sua própria residência, foi encontrado com uma perfuração de faca na região do tórax.

Marcelo, 12 anos, apanha do pai frequentemente por faltar às aulas, todos os dias sofre bullying de seus amigos que o julgam diferente dos demais meninos. Tamires, estudante de Design Gráfico, foi levada ao hospital recentemente, tentou suicidar-se tomando dezenas de comprimidos antidepressivos.

Mortes e sofrimentos absurdos, não? Mas saiba que situações como essas acontecem a todo momento no Brasil. Somente em 2017, foram 445 mortes, o maior índice entre todos os países do mundo. (Mas pode ter certeza que a maioria de casos como esses não são registrados)

No entanto, além de serem vítimas de mortes cruéis, essas pessoas têm outro ponto em comum, todas morreram ou sofrem pelo fato de serem pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais - LGBTs, ou seja, foram vítimas por não se enquadrarem nas normas e morais heteronormativas de nossa época.

Você pode se lamentar com isso, afinal ninguém deveria sofrer ou morrer dessa maneira por puro preconceito pessoal ou social.  Apesar de lamentável, esses dados não lhe pesa tanto, pois afinal, você não tem nada a ver com isso (ou tem?!), não esteve presente (ou esteve?!), e não foi culpado por esses crimes(ou foi?!). Qual é a sua resposta?!... pode parecer exagerado, mas cada um de nós, certamente todos nós (inclusive muitas pessoas LGBTs), trazemos de alguma maneira o sangue dessas pessoas em nossas mãos...

Manchamos nossas mãos de sangue quando afirmamos que azul é cor de homem e rosa de mulher; que há brinquedos de menina e brinquedos de menino; que moleque tem que ser pegador e garota, recatada; que João tem que gostar de Maria e Maria tem que gostar de João.

Já imaginou como fica a mente e o coração dos Pedros, Brunos, Amandas, Carolines que não se enquadram nesse estereótipo macho/fêmea heteronormativo?! ... "Será que sou monstro? Por que sou diferente? Estou doente? Nasci para sofrer", são os fantasmas que assombram essas pessoas.

Muitos entram em depressão, se escondem, tiram a própria vida (que para muitos não tem valor), não aguentam a pressão. Afinal é muito pesado ver o pai e o irmão rindo ou tirando sarro de uma pessoa LGBT retratada de forma estereotipada e preconceituosa na TV. Não é fácil, seguir uma religião cujos  seguidores dizem que se você for você mesmo será então um pecador, pecadora, que arderá no inferno e não pode nem mesmo participar da santa ceia que o próprio Deus convidou a todos, mas que o homem restringiu a você porque te considera não digno.

Aqueles que assumem-se como são, como criados com amor sendo imagem e semelhança de Deus,  que não suportam viver na hipocrisia e na mentira (como muitos que dizem-se corretos vivem), assumem também todos os riscos e eles são grandes: são expulsos de casa, violentados por “amigos” e familiares (“Para que se corrijam!” -  Dizem eles). São ainda mais vítimas do desemprego, da falta de saúde específica para sua realidade e dificuldades na educação (comunidades educativas preconceituosas e intolerantes). Têm que batalhar em dobro, dez vezes mais, para se destacar frente aos “normais” e assim tentar conquistar a dignidade que lhes foi tirada.

Injusto, não? Mas pense na sua responsabilidade em tudo isso. Esse é o objetivo desse texto. Ainda que ache que não tem a intenção de fazer o mal a essas PESSOAS, que não se considere preconceituoso... como ages ou agiria se seu filho levasse um amigo homossexual para dormir em sua casa em um final de semana? (um amigo, eu disse)... como se sentiria se um grupo de travestis se sentasse no mesmo banco que a sua família na igreja? O que pensaria se uma pessoa transexual respondesse ao anúncio de babá para seu querido filho que você anunciou na internet? Pense, reflita, reze, se quiser... mas seja franco com os seus sentimentos...

Não quero te julgar, nem te condenar. (Não repetirei o que fazem com LGBTs a todo momento). Acredito que você é uma boa pessoa... você cresceu e aprendeu a ver o mundo desse jeito. Você acredita que está fazendo o melhor para seu filho, sua filha, para essa sociedade (que dizem por aí estar cada vez pior). O que te peço é que reflita as suas ações e repense suas atitudes, até aquelas que parecem bobas. Para quem já está ferido, o que é tolo para alguns, tona-se mais forte do que uma apunhalada.

Este ano, o tema da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e Superação da violência”, que tal aproveitar essa oportunidade e rever seus hábitos e comportamentos para com a realidade LGBT?

RESPEITE as lésbicas e os gays.

CONVERSE com as travestis, transexuais, transgêneros, respeite a história que cada um traz em seus rostos e suas narrativas.

ABRACE sua filha lésbica, seu parente trans, seu primo, irmã, gay. Diga que o/a AMA.

MARQUE POSITIVAMENTE a VIDA dessa pessoa.

EVITE comentários, piadas, apelidos preconceituosos, pense que uma criança inocente pode estar te escutando e que suas palavras ou gestos podem sangrar ainda mais uma ferida dolorida.

 O Lema da Campanha da Fraternidade é “Somos todos irmãos”, que possamos concretizar essa frase tal como faz o Papa Francisco que pede desculpas aos LGBTs pelo mal que fazemos e diz 'Se a pessoa é gay, procura a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la”.

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