quinta-feira, 17 de maio de 2018

Para Igreja, transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém vai contra a história e a população

  domtotal.com
A decisão de Donald Trump volta a transformar a Cidade Santa em um barril de pólvora.
Grafite do presidente dos EUA, Donald Trump, no muro de separação israelense em Belém.
Grafite do presidente dos EUA, Donald Trump, no muro de separação 
israelense em Belém. (Abe Al Hashlamoun /EFE)
Por Jesus Bastante

É uma cidade três vezes santa, mas mil vezes amaldiçoada. Berço das maiores religiões (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), disputada desde sempre e, após a abertura da embaixada dos EUA, efervesce novamente a violência, com dezenas de mortos e milhares de feridos. Jerusalém vive, mais uma vez, dias de sangue e fogo.

Há 70 anos, a comunidade internacional reconhece o seu próprio status quo na cidade, a decisão de Donald Trump de mover a sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém ameaça em quebrar a paz. O presidente dos Estados Unidos rompeu um consenso internacional, abrindo a sede da embaixada em plena Linha Verde, uma “terra de ninguém” desde 1948.

Com um custo, até agora, de 41 palestinos mortos e 1.700 feridos em protestos na Faixa de Gaza. E em desafio das Nações Unidas e dos desejos, cada vez mais distantes, de uma solução de dois Estados entre Israel e Palestina, cujo último impulsionador foi o Papa Francisco. E é que a decisão ignora uma série de resoluções das Nações Unidas sobre a cidade e avisam os países árabes que esta decisão é uma ameaça à segurança de toda a região.

Na verdade, o Vigário Patriarcal de Jerusalém e Palestina, Giacinto-Boulos Marcuzzo, disse que "hoje, os cristãos em Jerusalém, todas as igrejas e todos os palestinos estão unidos em um sentimento: tristeza".

"Estamos aflitos porque o dia de hoje (da transferência da embaixada) não conduz à paz, mas exatamente na direção oposta. Não há mais qualquer esperança de alcançar uma trégua", lamentou o religioso, que afirmou que a decisão de Trump "vai contra a história, contra a justiça e contra o bem da população de Jerusalém. Hoje, o processo de paz que começou foi congelado".

Por sua parte, o cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, recordou que "a posição da Santa Sé é clara: que existam dois Estados e que todos possam viver juntos em justiça, liberdade e respeito mútuo".

Jerusalém é o lar de cristãos, muçulmanos e judeus. Os cristãos têm dois bairros e neles estão os três lugares mais sagrados do mundo. Um deles é a Igreja do Santo Sepulcro. Localizada em um lugar importante para a história de Jesus. Lá ele morreu, foi crucificado e ressuscitou.

O bairro muçulmano é o maior dos quatro e contém o Domo da Rocha, que é a pedra onde Maomé ascendeu ao subir para os céus e a Mesquita de Al Aqsa, construída sobre o Templo de Salomão.

O bairro judeu inclui o bem conhecido Muro das Lamentações. Neste lugar, os judeus acreditam que foi colocada a primeira pedra onde o mundo foi construído. Dentro, estava um espaço do templo denominado Santo dos Santos, o local mais sagrado do judaísmo. Muitos judeus, entretanto, acreditam que é o Domo da Rocha. O Muro das Lamentações é o local de oração mais próximo do Santo dos Santos, onde a cada ano vão visitar milhões de visitantes.


Periodista Digital - Tradução: Ramón Lara

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