'Cooperação internacional não pode depender da raiva de Trump', rebate França
Presidente dos Estados Unidos retirou no sábado (9) sua assinatura do acordo conjunto do G7, que aconteceu em Quebec, no Canadá.
Por RFI
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Líderes posam para foto oficial da reunião de cúpula do G7 (Foto: Yves Herman/Reuterd)
A França reage à guinada do presidente americano, Donald Trump, sobre o comunicado conjunto do G7. "A cooperação internacional não pode depender de ataques de raiva e palavras mesquinhas: sejamos sérios e dignos de nossos povos", diz uma nota do Palácio do Eliseu divulgada neste domingo (10).
Em mais uma série de tuítes imprevisíveis, o presidente dos Estados Unidos retirou no sábado (9) sua assinatura do acordo final que havia aprovado poucas horas antes de deixar o Canadá, onde os líderes do G7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, França, Alemanha, Reino Unido e Itália) se reuniram durante dois dias para discutir principalmente a tensão comercial com Washington.
Em mais uma reviravolta daquelas que ninguém esperava, Trump retomou as ameaças de guerra comercial, chamou Justin Trudeau, o líder canadense que presidiu a reunião, de desonesto e surpreendeu os aliados do G7.
"Baseado nas falsas declarações de Justin em sua coletiva de imprensa e no fato que o Canadá cobra tarifas enormes de nossos fazendeiros, trabalhadores e companhias, ordenei a nossos representantes para não apoiarem o comunicado", tuitou Trump do avião que o leva a Singapura. Ele também reiterou a ameaça de impor tarifas "aos carros que inundam o mercado americano", em uma decisão que aponta inicialmente para a Alemanha.
Trump atacou duramente Trudeau, que como anfitrião da cúpula assumiu a condução das deliberações e divulgou seus resultados. Ele disse que Trudeau foi "submisso e dócil" durante as negociações para depois dizer na coletiva que não havia sido pressionado. Trump qualificou também Trudeau de "muito desonesto e fraco" e acrescentou que as recentes tarifas dos Estados Unidos ao aço e ao alumínio do Canadá foram uma resposta às sobretaxas que o Canadá impôs aos produtos lácteos dos Estados Unidos.
Os tuítes de Trump foram divulgados horas depois do fim da cúpula do G7, quando os participantes começavam a ir embora do Canadá. O presidente francês, Emmanuel Macron, soube da guinada quando já estava no avião para retornar à França.
O gabinete de Trudeau informou que as críticas do primeiro-ministro canadense a Trump na coletiva foram apenas uma reiteração do que ele já tinha dito ao americano pessoalmente. "Estamos concentrados em tudo o que conquistamos aqui na cúpula do G7", afirma um comunicado do gabinete de Trudeau divulgado no Twitter. "O primeiro-ministro não disse nada que não tivesse dito antes – tanto em público quanto em conversas privadas com o presidente Trump", acrescenta.
"Incoerência e inconsistência"
A nota do palácio do Eliseu denuncia a "incoerência" e a "inconsistência" de Trump. "Nós passamos dois dias negociando para concluir um texto e compromissos. Vamos permanecer ligados a ele, e qualquer um que der as costas [ao comunicado conjunto] mostra sua incoerência e inconsistência", afirma o Palácio do Eliseu em seu comunicado. "A França e a Europa continuam a apoiar este comunicado, como esperamos de todos os membros signatários", concluiu a presidência.
Especialistas franceses veem na atitude imprevisível de Trump um jeito dele reforçar seu cacife e exibir força para a cúpula de Singapura com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, além de rebaixar os aliados.
O presidente norte-coreano chegou à cidade-Estado asiática algumas horas antes do republicano. Antes do encontro com Trump, na terça-feira (12), na pequena ilha de Sentosa, Kim reúne-se hoje com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong. Mas Kim já advertiu que pretende deixar Singapura cinco horas depois do início da reunião com Trump.
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