Ex-presidente presta depoimento como testemunha de defesa a pedido do ex-governador Sérgio Cabral. 'Acredito que não haja um brasileiro que esteja mais em busca da verdade do que eu. Estou cansado de mentiras', afirmou Lula.
Por Alba Valéria Mendonça e Gabriel Barreira, G1 Rio
Em depoimento por videoconferência prestado nesta terça-feira (5) como testemunha do ex-governador Sérgio Cabral na Operação Unfair Play, o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "anda em busca da verdade".
"Meu compromisso é com a verdade. Acredito que não haja um brasileiro que esteja mais em busca da verdade do que eu. Estou cansado de mentiras", garantiu. De terno e gravata, Lula já estava a postos às 10h15, aguardando a entrada de Cabral na sala, quando perguntou se o juiz era Marcelo Bretas. O que resultou numa brincadeira do juiz da 7ª Vara Criminal. "Não fala mal de mim não que estou ouvindo". E Lula respondeu: "Eu sei, estou vendo o microfone aqui na minha frente".
Antes do início da sessão, Cabral pediu permissão para prestar condolências pela morte da Marisa Leticia, informando que já estava preso quando a ex-primeira dama faleceu. Além de Lula, Pelé também deve prestar depoimento a pedido de Carlos Arthur Nuzman.
A operação sobre a qual Lula e Pelé vão depor investiga a suposta compra de votos para a cidade sediar os Jogos Olímpicos. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o esquema de corrupção montado pelo ex-governador Sérgio Cabral teria "comprado" votos de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Ainda segundo as investigações do MPF, foram encontrados indícios de que Nuzman teve participação na negociação. O ex-dirigente chegou a ser preso, mas foi solto após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os procuradores afirmam que um dos votos comprados foi o de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo e, naquele momento, membro do COI. O dinheiro teria sido entregue ao filho dele, Papa Massata Diack. Lamine Diack, segundo o MPF, pode ter repassado parte dos valores para comprar mais votos.
Compra de votos da Rio 2016
O pagamento aos membros do COI teria sido feito pelo empresário Arthur Soares, também conhecido como Rei Arthur, que está foragido. Soares tinha negócios de R$ 3 bilhões com o Estado do Rio e era próximo ao ex-governador.
Já Cabral teria se beneficiado de contratos firmados para as obras olímpicas. O MPF sustenta que o ex-governador pedia 5% de propina sobre o valor de todas as obras.
Cabral nega as acusações e afirma que jamais recebeu propina. Sobre a suposta compra de votos, o ex-governador considera um "acinte" da vitória "consagradora" do Rio.
"O RJ foi eleito com uma diferença de 40 votos com relação à 2ª candidata, Madri. Pela versão do MPF seriam todos corruptos. Não tenho dúvidas de que em pouco tempo conseguiremos desmontar essa invencionice", disse à época.
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