terça-feira, 14 de agosto de 2018

Procura-se ex-aluno suspeito de assassinato de padre jesuíta no Peru

domtotal.com
Religioso jesuíta Carlos Riudavest foi sepultado nesse domingo, 12, em Bagua, pequena cidade no interior do Peru.
O Padre jesuíta Carlos Montes Riudavets dedicou metade de sua vida para formar e educar os jovens de comunidades nativas da Amazônia, onde foi muito amado
O Padre jesuíta Carlos Montes Riudavets dedicou metade de sua vida para formar e educar os jovens de comunidades nativas da Amazônia, onde foi muito amado (Reprodução/ Vatican Media).

Entre cantos e orações carregados de resignação, dezenas de pessoas fizeram uma vigília na paróquia de Bagua e depois em Chiriaco, pedindo o eterno descanso do padre Carlos Riudavets Montanhas (73 anos) morto na noite da quinta-feira no refeitório da Escola Fe y Alegría No. 55 Valentin Salegui, onde trabalhou 38 anos fazendo um trabalho como professor, diretor e finalmente promotor educativo.

"Eu o conheci quando era ainda uma criança, ele me ensinou muito. Sempre ajudou os mais necessitados e deu tudo para eles. Deus o tenha em sua glória" conta muito consternada a senhora Rosa Cardozo uma ex-aluna, que não entende por que os assassinos atacaram o religioso que era muito amado e conhecido no oriente peruano, especialmente no Amazonas.

Uma vida de serviço

A vida do missionário jesuíta, que nasceu em 14 de janeiro, 1945 em Sanlúcar de Guadiana, na província de Huelva, Espanha, estava ligada à província dos jesuítas no Peru desde os 24 anos de idade quando chegou nesse país como parte de sua formação.

Aos 35 anos foi ordenado sacerdote, enviado para Chiriacoy  e logo depois para a comunidade Yamakai-Entsa onde participou ativamente junto ao pároco Valentin Salegui (daí o nome da escola), na educação e na formação técnica de jovens de comunidades Awajún e Wampis.

Na manhã do sábado os restos mortais do padre e defensor dos direitos dos povos indígenas adjacentes aos cinco rios do Amazonas, foram levados para Chiriaco, no centro da cidade Imaza, onde passou mais de metade da sua vida, para serem velados e enterrados, ato que aconteceu nesse domingo, 12, ao meio-dia, disse em um comunicado a Companhia de Jesus do Peru.

Por outro lado, os especialistas em criminologia recolheram amostras de tecido orgânico (pele) encontrado nas unhas do padre, assim como cabelo e sangue encontrados no local, para serem analisados e utilizados na identificação do autor do crime terrível que comoveu toda a comunidade religiosa no leste do país.

A hipótese com a qual a polícia trabalha é que o padre pode ter sido atacado por um ex-aluno. Isso após as declarações coletadas de dois professores e um guarda. O suspeito continua foragido.

Condenação ao ataque

Durante as exéquias, autoridades locais, indígenas e religiosas, condenaram o assassinato do sacerdote e exigiram uma resposta rápida da polícia, de modo que possam capturar mais rapidamente o assassino a fim de ser devidamente julgado e receber uma sentença exemplar.

"Pedimos à polícia a rápida captura dos assassinos e que paguem pelo que fizeram. Seja nativo ou mestiço, (o assassino) tem que estar na cadeia", disse Otoniel Danducho, prefeito da cidade.

De sua parte, o cardeal Pedro Barreto, Arcebispo de Huancayo, disse que sabia sobre o trabalho do padre Carlos Riudavets Montes com as famílias das comunidades indígenas no Amazonas, enquanto a Conferência Episcopal Peruana divulgou um comunicado lamentando o fato e pedindo que seja investigado e encontrem com prontidão os responsáveis por ele.

O suspeito teria fugido para Loreto

O presidente do conselho de promotores na cidade de Chachapoyas, Silverio Ñopo Cosco ordenou legistas e peritos forenses para serem extremamente cuidadosos ao recolherem as provas no lugar do crime do religioso. Isso após a confirmação de que o suspeito tinha fugido para a zona de Sarameriza Loreto.

Autoridades do Vicariato de Jaén chegaram à cidade no sábado para participar da cerimônia fúnebre do religioso.

Por causa do assassinato do Padre Carlos Riudavets, ainda não foi confirmado se as aulas serão retomadas esta semana na escola Fe y Alegría No. 55 Valentin Salegui.


La Republica - Tradução: Ramón Lara

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