terça-feira, 25 de junho de 2013

Avalanche de corrupção

As maracutaias na preparação da Copa do Mundo mais cara de todos os tempos

Projeto da Nova Arena Cuiabá, na capital do Mato Grosso
Por Lev Chaim, de Amsterdã*

Meu caro Humberto Werneck: gostei da sua sinceridade em revelar o porquê de não ter ido aos protestos em São Paulo, como escreveu em sua crônica no Estadão. Tudo tem o seu tempo e momento e pode-se ajudar de outras formas. 

Os jovens estão fazendo o melhor, acredito eu, para mostrar ao mundo o caos de corrupção que virou o Brasil nos dias de hoje, na preparação da Copa do  Mundo mais cara de todos os tempos. 

Mas esses jovens, com toda a adrenalina, ainda não possuem uma certa liderança, já que o movimento de protestos atingiu todo o Brasil e todas as grandes cidades via mídia social. Agora, está chegando a hora de se tentar fazer um grupo de reivindicações menos gerais e mais específicas, para se fazer cumprir e ganhar espaço político de decisão.

Pode-se começar, por exemplo, com a exigência de que todos os condenados do mensalão, independentemente do término formal ou não do processo, vão para a cadeia, numa medida de segurança nacional e de bem estar da nação.

Segundo, pode-se exigir que as investigações sobre o envolvimento do ex-presidente Lula no mensalão sigam em frente o mais rápido possível. Com isto, pode-se fazer um relatório dos piores momentos de corrupção da história do Brasil, que envolvem o PT e outros partidos políticos.

Além do que, seria bom verificar as licitações públicas dos últimos 8 anos; o enriquecimento ilícito de várias pessoas e de onde saiu essa dinheirama toda.

Só ai já se teria muita coisa para desativar os corruptos de Brasília e de outros cantões do país, como também investigar os gastos de todos os deputados e senadores. Até poderíamos pedir ajuda aos tribunais estaduais e promotoria para a agilidade das investigações. 

Enfim, temos agora que ajudar a moçada deste Brasil a definir os passos seguintes, tendo sempre em mente a máxima do velho e tarimbado político Ulisses Guimarães: “a única coisa que mete medo em político é o povo nas ruas”. 

Não sou ingênuo de acreditar que existam democracias isentas de corrupção. Mas, pode-se criar instituições de delação para que as coisas não ocorram tão institucionalmente, como foi a do mensalão. No Brasil do PT, que comprou parlamentares de outros partidos com o dinheiro dos impostos e caixa dois ilegal, a coisa ficou aos deus-dará por muito tempo. E por istoé que ocorreu toda esta explosão social.

Um jornalista holandês que mora no Rio, em entrevista a um programa político aqui na Holanda, quando perguntado se o brasileiro não gostava mais de futebol porque estava contra a Copa do Mundo, ele respondeu: “Não, o brasileiro ainda ama de paixão o samba e o futebol e também protesta com paixão”.

Ao ouvir aquilo, pensei comigo mesmo: devia ter ficado calado. Logo no outro dia, enviei uma carta à redação do programa explicando a minha forma de pensar: 

"Os protestos não tinham nada a ver com o amor do brasileiro pelo futebol, pois este continua o mesmo. Era porque o brasileiro havia ficado maduro e sabia que, com a corrupção impune, com os preços finais de construção dos estádios caríssimos, transformaram esta Copa do Mundo na mais cara de todos os tempos. Isto sem falar ainda do custo de vida do brasileiro".

E continuei: "A própria Holanda desistiu de se candidatar a sede de jogos olímpicos porque seriam gastos pesados em uma situação de crise financeira, o que dirá uma copa do mundo, com jogos em vários estádios pelo Brasil inteiro, país de dimensões continentais?”

Até agora não recebi resposta. Eu pedi também para que enviassem a carta ao jornalista em questão que, acredito eu, goste do Brasil, mas está lá há tão pouco tempo, que ainda não entendeu muito bem as coisas. Antes, ele era correspondente da TV holandesa em Washington. 

Portanto meu caro Humberto Werneck, vamos ajudar os jovens, dando-lhes ideias para formar lideranças e, com isto, exigir resultados com cobranças definidas. Com castanhas de caju e um bom vinho, pode-se também ter grandes ideias.
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da Fala Brasil e trabalhou 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o DomTotal.
Dom Total

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