segunda-feira, 24 de junho de 2013

Brasil: ativistas exigem reforma do país

As recentes manifestações que saíram à rua em mais de 300 cidades brasileiras e mobilizaram um milhão de pessoas enquadram-se num movimento global que «não quer subverter a ordem, mas fazer uma limpeza, sobretudo moral», afirmou o presidente da organização não governamental Rio de Paz, António Carlos Costa. 

A organização de defesa de direitos humanos promoveu este fim de semana uma ação pacífica nas areias de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, espalhando 500 bolas de futebol pintadas com cruzes vermelhas, como forma de simbolizar o meio milhão de homicídios registado no Brasil, nos últimos 10 anos. 

«Fizemos um ato silencioso para exigir das autoridades públicas a apresentação de políticas com um cronograma de implementação para elevar e melhorar a qualidade dos serviços públicos. As marchas já estão a acontecer e as pessoas a ir às ruas», explicou António Carlos Costa, em declarações à agência Lusa. 

Segundo o dirigente da Rio de Paz, o que motivou a população a protestar nas ruas foi a revolta causada pelas reformas e construção de estádios para o Campeonato das Confederações e o Mundial de 2014 em futebol. «Isso demonstrou muita vontade política e gasto de dinheiro público para fazer as construções no padrão FIFA. Enquanto as nossas escolas, segurança e hospitais não estão no padrão FIFA», criticou. 

António Carlos Costa assegura que o movimento de contestação social teve um caráter «espontâneo» e não surgiu apenas «contra os 20 cêntimos do aumento da tarifa dos transportes». «Nos últimos anos, o poder público não levou o povo a sério. A reforma tributária, política, trabalhista, infraestrutura e fundiária deve ser discutida. Agora todos expressam que o Mundial de Futebol é inviável se o governo não investir no social também», salientou. 

Os protestos começaram no início de junho em São Paulo, exclusivamente contra a subida das tarifas dos transportes públicos, mas estenderam-se a outras cidades. A repressão policial às manifestações fez aumentar o coro de protestos. Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização de eventos desportivos como o Mundial 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, em detrimento de outras áreas como a saúde e a educação.


Fátima Missionária

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