sábado, 14 de setembro de 2013

A bondade misericordiosa de Deus



A Palavra de Deus que nos é trazida para nosso alimento espiritual na celebração eucarística deste domingo nos convida a entrar em comunhão com o nosso Deus, sempre pronto para nos perdoar. A bondade misericordiosa de Deus se encontra presente nas três leituras. O Senhor Jesus para nos dizer o quanto Deus nos ama a ponto de nunca nos negar o seu perdão conta três parábolas num contexto bem preciso, ou seja, Ele quer com elas justificar a sua amizade com os pecadores. Se observamos bem o desenvolvimento de cada uma, de pronto nos damos conta que Ele quer chamar a atenção sobre Deus, que é nosso pai. Para isso, Ele não usa de muitas palavras, mesmo naquela mais extensa, a do filho pródigo, para descrever o pecado. 

Na medida em que a história vai se desenvolvendo, o momento em que o pastor encontra a ovelha, a mulher, a dracma e o pai o seu filho é sempre uma ocasião de grande alegria e, para que sua alegria seja completa, chama os amigos para festejar. O momento do reencontro é sempre narrado com muita ênfase, o que não faz para os outros momentos das parábolas, Isto porque, se o momento da conversão do pecador é importante, muito maior é a alegria de Deus por tê-lo reencontrado. Vale insistir que o Senhor com as três parábolas pretende colocar nossa atenção sobre Deus Pai. 

Porque é para Jesus, que se deve olhar para entender esse imenso amor de Deus para com todos nós. Para ver Deus é preciso ver Jesus. Por isso, não é de se estranhar que seja o próprio Jesus a nos contar as parábolas, porque sua pessoa faz parte de cada uma. Por detrás da pessoa de Jesus, que acolhe os pecadores, se encontra a pessoa do Pai, de Deus. Mas, como se encontra Deus? A resposta se encontra na vida de Jesus, através da qual, com seus gestos, suas palavras, seus sinais, vai nos falando incansavelmente do amor misericordioso de Deus Pai, o amor que tem a sua plenitude na cruz e na ressurreição. 

As três parábolas não são apenas um conto narrado por Jesus, mas um profundo ensinamento, porque tem por finalidade falar de Deus, daquele Deus anunciado por Jesus desde o primeiro momento do seu ministério pastoral, que acolhe a todos independentemente de qualquer outra coisa. Dizer que Deus acolhe a todos, significa dizer que Ele não se sente quieto enquanto não encontra cada um de nós. O nosso Deus é santo, mas não se aquieta enquanto não encontra o pecador. O nosso Deus é eterno, mas não está em paz na sua eternidade enquanto não encontra o mais pequeno de seus filhos. Evidentemente, isto não significa que seja melhor ser pecador, quase invejando a quem possa se encontrar afastado do amor de Deus.

Invejar o irmão que se afasta de Deus pelo pecado é não se dá conta da graça que se recebe quando se conhece Deus, ou seja, não se dá conta que o afastamento de Deus é uma infelicidade para se superar e não para se desejar. Naturalmente, o agir de Deus para conosco deve ser o mesmo modo de nós, que cremos em Deus, agirmos com os outros. Alguém pode até se dizer ateu, mas ele deve saber que Deus não se tranquiliza, não vive a sua paternidade e nem quer se faça festa, enquanto não encontrar o último de seus filhos que dele se distanciaram. 

Este é o rosto do Deus de Jesus, que se encontra por detrás das três parábolas contadas por ele para nós neste domingo. Isto deve ser para nós um encorajamento e um consolo, porque é uma mensagem para nós; mensagem exigente e imperiosa, porque é este Deus amoroso, misericordioso e bondoso para com todos que nós devemos testemunhar. Daí o nosso empenho, que deve ser incansável, como é o de Deus por nós, testemunhar com nossa vida de cristãos como é reconfortante tudo fazer para se estar sempre na amizade de Deus e de jamais perdemos a confiança nele, quando por maldade ou por fraqueza nos afastar dele. 


Neste domingo, o Senhor nos convida a acolher em Jesus a misericórdia incansável de Deus para conosco; um Deus que não sossega até nos encontrar. Mas, um Deus que nos convida também a ser misericordioso com os outros. É triste quando experimentamos que somos pecadores, experimentamos a bondade acolhedora de Deus para com nossos pecados e, depois, somos duros, insensíveis e exigentes em relação aos outros. É sempre confortador quando se percebe, como fez o filho pródigo, que somente se pode ser feliz junto de Deus, nem que seja no último lugar. Amém.

*Doutor em Direito Canônico, Presidente do Tribunal Eclesiástico do Ceará e professor da Faculdade Católica de Fortaleza

Nenhum comentário:

Postar um comentário