domingo, 1 de setembro de 2013

Comédia 'Os Estagiários' busca no Google saídas para a crise econômica

Cena de 'Os Estagiários': mundo corporativo 'saudável e divertido'.
Por Alysson Oliveira
Não podia haver um momento mais propício - para o Google - para se lançar a comédia "Os Estagiários". Fosse feita meses mais tarde, iria parecer filme de encomenda da corporação, tentando limpar sua imagem, depois dos escândalos de espionagem do governo norte-americano na Internet. São 119 minutos de propaganda da empresa cuja filosofia, segundo o longa, é levar informação para as pessoas e tornar a vida delas melhor.
Isso é o que está na superfície, mas um olhar mais profundo revela, nas entrelinhas, um retrato bastante interessante sobre o mundo corporativo do século 21. A trama é banal e mostra dois quarentões, Bill (Vince Vaughn) e Nick (Owen Wilson), que, após perderem o trabalho como vendedores, tentam uma vaga no programa de estágios do Google.
Seguem, então, as situações mais previsíveis possíveis: os candidatos são divididos em grupos e os protagonistas ficam com os renegados. Eles custam a se adaptar porque os jovens são bem mais inteligentes do que eles, mas a dupla tem algo que a garotada não possui: experiência de vida. Ao fim, percebem que podem aliar as duas coisas para derrotar ?o time do mal´, liderado por Graham (Max Minghella).
Há, no entanto, algo bem mais relevante, um comentário acidental sobre a sordidez do mundo corporativo contemporâneo. Travestido de parque de diversões e bem estar - com quadras de vôlei, playground, cantinho da soneca e outras coisas - o QG da empresa é um mundo à parte que permite aos seus funcionários não apenas trabalhar, mas fazer tudo o que precisam sem sair de suas dependências - transformando o trabalho em algo integral. Há o cantinho da soneca, por exemplo, e nele, enquanto o empregado ´descansa´ pensa sobre formas de incrementar os negócios da empresa e os serviços oferecidos.

Obviamente, o diretor Shawn Levy ("Gigantes de Aço") e os roteiristas - Vaughn e Jared Stern - estão tão encantados com a ideia de vender o Google como a melhor empresa do mundo que não se dão conta do comentário negativo que pode haver embutido no filme. Num momento de crise econômica como os Estados Unidos atravessam atualmente, chega a ser irresponsável vender o mundo corporativo como algo saudável e divertido.

Reuters

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