quarta-feira, 11 de setembro de 2013

FHC toma posse na Academia Brasileira de Letras depois de se ver protagonista de livro polêmico


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso toma posse na cadeira número 36 da Academia Brasileira de Letras

Rio de Janeiro – O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso é definitivamente uma das personalidades mais comentadas neste momento no país. Depois de se ver protagonista de um polêmico livro lançado recentemente, O Príncipe da Privataria,  do jornalista Palmério Dória, FHC se tornou, na noite desta terça-feira (10), o mais novo integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Durante a posse, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, destacou: "Não estamos diante de uma elite que sabe e de um povo que desconhece. O momento é de respeito à pluralidade das identidades culturais e de reconstrução das instituições para que elas captem e representem o sentimento e os novos interesses da população". 

Para o ex-presidente, é importante que o país mantenha acesa a chama "da liberdade, do respeito à representação e da autoridade legítima e evitar que formas abertas ou disfarçadas de autoritarismo e violência ocupem a cena”. 

O ex-presidente foi eleito na sucessão do acadêmico e jornalista João de Scantimburgo, no dia 27 de junho deste ano, e ocupa a Cadeira 36, fundada pelo poeta, professor e jornalista Afonso Celso, que escolheu como patrono o poeta Teófilo Dias. 

Em seu discurso, Fernando Henrique ressaltou a satisfação de fazer parte da ABL: ´Ao passar os diplomas de uns a outros, seus membros mostram a continuidade do respeito à cultura e às realizações que constroem a história do país".

O ex-presidente analisou a série de manifestações que ocorre no país nos últimos meses. Manifestou-se contrário ao uso de máscaras e disse que os protestos pedem mais transparência. ´Não vejo vantagem nenhuma em cobrir o rosto. Acho que se estamos pedindo transparência é melhor que haja mais transparência. Também não acho que seja o caso de fazer um carnaval. O que ofende é o vandalismo. Com máscara ou sem máscara, o vandalismo não leva ao longe´, completou.

Por morar em São Paulo e ter uma agenda cheia, ele disse que não estará presente com frequência na sede da ABL, mas participará sempre que possível. ´Na parte cultural, o que puder ajudar eu ajudo. Apesar de idade avançada, a minha agenda é muito pesada. Dentro desse limite, claro que vou ajudar´.


Obra de FHC

Autor de inúmeros livros, Fernando Henrique recebeu o título de Doutor Honoris Causa de mais de 20 universidades e é membro honorário da American Academy of Arts and Sciences. Em 2005, foi eleito um dos cem maiores intelectuais públicos do mundo, em levantamento das revistas Prospect e Foreign Policy. Entre as suas obras, destacam-se:

• Pensadores que inventaram o Brasil, Editora Companhia das Letras, 2013

• Relembrando o que escrevi: da reconquista da democracia aos dias atuais, Editora Civilização Brasileira, 2010.

• A arte da política — A história que vivi, Editora Civilização Brasileira, 2006.

• Cartas a um jovem político — Para construir um Brasil melhor, Editora Alegro, 2006.

• O mundo em português, Editora Paz e Terra,1998.

• O presidente segundo o sociólogo, Editora Companhia das Letras, 1998.

• Mãos à Obra, Brasil, 1994.

• Perspectivas, Editora Paz e Terra, 1983.

• Dependência e Desenvolvimento na América Latina, Editora México, 1969.

Dória lança livro polêmico sobre FHC 

O jornalista Palmério Dória lançou O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição, da Geração Editorial, que define o trabalho como “livro bomba”. Na obra, ele resgata fatos dos dois mandatos do ex-presidente (1995 a 2002), fala sobre as polêmicas privatizações do governo PSDB e revela a identidade do “Senhor X”, fonte responsável pela denúncia do escândalo de compra de votos no Congresso.

Em 400 páginas, o livro é resultado de 20 anos de apuração. Dória, que também escreveu Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, viajou com o coautor desta obra, o jornalista Mylton Severiano, para conhecer e entrevistar o “Senhor X”, após 16 anos.

Nos diálogos com o “Senhor X”, deputados federais confirmavam que haviam recebido R$ 200 mil para apoiar o governo. As gravações serviram de base para as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S. Paulo, em maio de 1997,

Depois de passar por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, o “Senhor X” resolveu contar tudo o que sabia e aparece, inclusive, com foto na capa do livro. O Príncipe da Privataria é o 9° título da coleção História Agora, da Geração Editorial, do qual faz parte A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr, ex-repórter especial da revista Isto É.
Agência Brasil/Comunique-se/Redação DomTotal

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