segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O eterno fascínio da bicicleta

Exposição em Veneza aborda a atração das vanguardas pelo ciclismo



“Ao velódromo”, de Jean Metzinger: ciclismo, cubismo e velocidade. (Foto: Divulgação)
Por Marco Lacerda*
 Nunca andei de bicicleta, mas reconheço suas maravilhas. Terá grande influência na humanidade”, dizia, no final do século 19, o poeta francês Mallarmé, um dos muitos intelectuais fascinados por esse veículo de duas rodas que desde a sua invenção encarna o mito da velocidade.
Por suas formas aerodinâmicas, por ser um dos grandes símbolos da tecnologia e do movimento, a bicicleta sempre seduziu os representantes das vanguardas artísticas.
Era imensa a atração que o ciclismo exercia, por exemplo entre os grandes mestres do futurismo italiano, de Umberto Boccioni a Fortunato Depero, passando por Gino Severini e Mario Sironi. Sem esquecer, claro, de Marinetti, o pai desse movimento e autor do Manifesto Futurista. Quando eclodiu a I Guerra Mundial, Marinetti não hesitou em alistar-se num batalhão de voluntários ciclistas.
Tampouco é uma casualidade que o primeiro quadro vanguardista a representar um evento esportivo refletisse precisamente uma corrida de ciclismo. A obra em questão chama-se “Ao velódromo”, uma tela cubista realizada em 1912 pelo artista francês Jean Metzinger que, segundo descoberta recente, retrata o cliclista Charles Crupelandt pedalando os últimos metros antes de chegar vitorioso ao final da famosa corrida entre Paris e Roubaix, conhecida pela dureza do seu trajeto como “o inferno do norte”.

O quadro, adquirido em 1945 pela colecionadora americana Peggy Guggenheim, é a peça central de uma exposição que a Fundação Peggy Guggenheim de Veneza dedica à relação entre bicicleta e arte e que leva o título “Ciclismo, Cubismo e Quarta Dimensão”. 
A mostra que segue viagem por vários museus do mundo, analisa o magnetismo que os artistas de vanguarda sentiam em relação ao ciclismo, um esporte popular que, para eles, representava a velocidade e a quarta dimensão em que tempo e espaço se fundem.

Uma revolução em duas rodas. Veja o vídeo:

*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor-Especial do DomTotal

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