quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Emissões de metano dos EUA seriam 50% maiores do que se pensava

Estudo analisou 12.700 medições entre 2007 e 2008.
Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior emissor de gases do efeito estufa, com 5122 MtCO2e, atrás apenas da China, com 9628 MtCO2e, porém essa estimativa pode estar bastante equivocada.

Esse é o alerta que faz um estudo realizado por 15 climatologistas de diversas instituições, entre elas a Universidade de Harvard e o Centro de Pesquisa Conjunta da União Europeia.

Depois de analisarem 12.700 medições entre 2007 e 2008, em especial descargas originárias da exploração de petróleo e gás, os pesquisadores descobriram que, em alguns casos, as emissões de metano são na realidade até cinco vezes maiores do que o estimado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Isso significa que, no total, a liberação de metano pode chegar a ser 50% maior do que os números oficiais.

O estudo estima que em 2008 os EUA liberaram 49 milhões de toneladas de metano no ar, bem mais do que as 32 milhões de toneladas apontadas pela EPA e do que as 29 milhões de toneladas calculadas pela Comissão Europeia.

“A discrepância é bastante significativa. Nossa pesquisa sugere que as emissões norte-americanas não são contabilizadas corretamente, com amplas regiões do país não sendo consideradas”, afirmou Scot M. Miller, do Departamento de Ciências Planetárias e da Terra da Universidade de Harvard, um dos principais autores do trabalho.

Segundo os números mais recentes da EPA, de 2011, o metano representa apenas 9% das emissões norte-americanas. Além disso, a liberação do gás teria caído em até 12% desde 1990.

O novo estudo contesta essas informações, alegando que, quando a agência analisa as emissões do setor de energia, baseia seus cálculos sobre o metano apenas pela venda de unidades de carvão ou gás natural, praticamente ignorando o que é liberado na exploração de petróleo e gás.

Assim, de acordo com os pesquisadores, os estados produtores de petróleo, como Kansas, Texas e Oklahoma, podem ser na realidade responsáveis por até 25% de todas as emissões de metano nos EUA.

“Algo está errado com os inventários atuais. O impacto total dos EUA nas emissões mundiais é bem diferente do que pensávamos, para pior”, disse Anna Michalak, da Universidade de Stanford, coautora do estudo.

A EPA afirmou que ainda não teve tempo de analisar as descobertas, mas que espera serem uma “ajuda para refinar as estimativas oficiais”.

Grupos ligados ao setor de energia dos EUA, como a Associação Independente de Petróleo da América, declararam que o estudo não tem valor, pois nos últimos cinco anos houve grandes avanços nas tecnologias de extração de gás e petróleo. Além disso, criticou os autores por estarem apenas “dando um chute” sobre uma questão tão importante.

O metano é 21 vezes mais potente do que o dióxido de carbono para o efeito estufa, e é normalmente associado à decomposição e ao processo de digestão animal.
Instituto Carbono Brasil

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