Entre 1970 e meados dos anos 2000, as espécies de água doce diminuíram 28% (Foto: Divulgação) |
Marcus Eduardo de Oliveira
Diminuição dos lençóis freáticos na Índia, escassez hídrica acelerada na China, Paquistão, México, Arábia Saudita e Estados Unidos (a exaustão anual dos aquíferos é estimada em 160 bilhões de metros cúbicos), nove milhões de hectares ao ano de florestas mundiais encolhidas, erosão do solo que está diminuindo 36% das terras agrícolas mundiais. Esses são alguns de tantos outros sinais que mostram claramente uma queda acentuada da produtividade biológica da Terra.
No que toca especificamente a degradação das terras, entre 1982 e 2002, as áreas degradadas adicionais eram equivalentes a 16,4 % do território do Paraguai, 15,34% dos solos do Peru e 14,15% das terras no Equador, segundo o Modelo de Avaliação Global de Degradação dos Solos (Global Land Degradation Assessment Model - GLADA).
Já em relação às reservas pesqueiras – um dos ecossistemas que fornecem nossos alimentos – essa é certamente a reserva que mais tem sofrido pressão nos últimos tempos.
O desvio de rios, a acidificação, a poluição por metais e a pesca desenfreada (predatória) tem provocado em velocidade assustadora o esgotamento da vida marinha.
Entre 1970 e meados dos anos 2000, as espécies de água doce diminuíram 28%, e as marinhas, 27%. O Fundo de Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) já declarou, em relatório de 2007 intitulado O Estado Mundial da Pesca e da Aquicultura, que em 2048 nenhum recurso alimentar significativo poderá ser mais extraído dos oceanos.
Atualmente, 25% das reservas marinhas estão super-exploradas, enquanto 52% são “plenamente exploradas”. No oceano aberto, onde os barcos que praticam pesca de arrastão se movimentam sem restrições, quantidades de merluza, bacalhau atlântico, mero, peixe imperador, atum de barbatana azul e tubarões enfrentam grandes problemas.
Sabe-se hoje que mais de 90% dos estoques de peixes predadores de grande dimensão, como o atum, peixe espada e o bacalhau já foram capturados. Entre os anos 1950 e o momento presente, a pesca total em águas abertas e abrigadas passou de 20 milhões para 95 milhões de toneladas métricas.
Segundo Lester Brown, em EcoEconomia, o estoque atlântico de atum de barbatana azul, por exemplo, sofreu uma perda de 94%. Toda essa super-exploração de pescado provocou medidas no sentido de atingir-se a preservação das espécies. Desde o fim da década de 1990, a União Europeia (UE) estabeleceu negociações de limites ao pescado.
Há um acordo para reduzir a capacidade de pesca das frotas da UE em 30% para espécies ameaçadas como o bacalhau, arenque e linguado no Mar do Norte, e 20% para o bacalhau do Mar Báltico, o atum de barbatana azul e peixe-espada da Península Ibérica.
No geral, resta uma boa notícia: ainda há tempo para reverter à situação de colapso das reservas pesqueiras. Para tanto, devem ser tomadas ações como, por exemplo, a criação de reservas ambientais e o combate à poluição e à destruição dos hábitats marinhos.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br
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