terça-feira, 11 de março de 2014

Até que enfim...

Após tantas notícias ruins, imprensa holandesa destaca bom exemplo vindo do Brasil.

Por Lev Chaim*

Depois de tanto ler na imprensa holandesa coisas sobre o Brasil de desaminar o maior dos otimistas, tal qual a novela do mensalão, o despreparado discurso da presidente Dilma em Bruxelas – a sede da União Europeia, o atraso nas obras para a Copa do Mundo e os gastos exorbitantes, enfim, uma notícia boa: a efetividade do Sesc para a população brasileira.

Pois é, meu queixo quase caiu de espanto. Em um artigo de página inteira, a correspondente do jornal NRCHandelsblad no Brasil, Floor Boon, contou aos holandeses que no país existe uma lei que repassa 1,5% dos impostos arrecadados para tais centros de lazer, cultura, saúde (principalmente dentista), com um resultado de causar inveja aos europeus, que vivem tempos de cortes no setor cultural.

Maior a arrecadação, maior o investimento. "O Sesc de São Paulo, por exemplo, tem um orçamento de 465 milhões de euros - 30 milhões a mais que em 2012", escreveu a jornalista. Ela revelou também que, em todo o Brasil, a organização tem cerca de 334 piscinas, 265 bibliotecas, 197 salas para exposições de arte e 147 restaurantes. "A maioria dessas facilidades são grátis", assinalou Floor Boon.

Um detalhe interessante que ela deixou bem claro em sua matéria é que essa lei, que financia o Serviço Social do Comércio em todo o Brasil, está na Constituição do país desde 1946. Portanto, digo eu: os mais afoitos jamais poderão dizer que isso seja uma vitória da atual ocupante do Palácio do Planalto e nem dos anteriores a ela.

Senti falta apenas de uma coisa, que talvez o holandês deva estar também se perguntando: quem é que fiscaliza atualmente o recebimento e a aplicação desses  subsídios, conforme os ditames da constituição, já que esta instituição exemplar é de “caráter privado”?

Contei aos holandeses que muitos artistas que se apresentam em teatros do Sesc, com produções subsidiadas por aquela instituição, até fazem uma brincadeira denominando-a de o Ministério da Cultura do país.

No mais, os holandeses babaram de inveja desse projeto brasileiro. Vejam só a tradução literal do título do artigo da correspondente holandesa em terras brasileiras, que saiu num dos principais jornais da Holanda: “Brasil: com a carteirinha de cultura vai-se também ao dentista”.
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Dom Total.

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