Padre Geovane Saraiva*

Páscoa é ir ao encontro da vida,
distanciando-se da morte, evidenciada na vitória e no milagre da vida a partir
do duro contexto da morte. A Igreja sempre dar uma grande importância à
simbologia do fogo, na luz do Círio Pascal, luz que nasce das trevas, sinal do
Senhor ressuscitado, da vitória diante da angústia da morte. O fogo como sinal
da presença de Deus no decorrer da história. A luz é a própria vida, pela
presença do Cristo Jesus, trazendo vida à criatura humana, no “duelo forte e
mais forte, na vida que vence a morte”.
Não podemos jamais esquecer a água
como símbolo da vida, porque dela as pessoas renascem no batismo para a vida do
mundo (cf. Jo 3, 1-7), levando-nos a compreender que a vida é duradoura e que participamos
do ponto mais elevado, não da vida de um herói, mas fomos mergulhados na vida do
próprio Filho de Deus, razão pela qual vivemos, constantemente convidados a
sonhar com a glória futura, na feliz afirmação do refrão do Salmo responsorial:
“Este dia que Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.
A esperança é a grande oportunidade
para a criatura humana assumir uma vida nova, uma vida diferente. Na Igreja,
“memória”, “presença” e “profecia” são trinômio que só se compreende a partir
da Páscoa, tendo o Senhor ressuscitado como o centro, o qual nos encoraja e nos
enche de alegria e uma vez conquistada, jamais podemos perdê-la, tendo diante dos
olhos, mente e coração o pensamento de Miguel Cervantes: “Quem perde seus bens,
perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a coragem, perde
tudo”.
A Páscoa deve ser um processo que se
realiza e acontece através do compromisso ético, na ação pastoral, no trabalho,
no convívio social e nas mais diferenciadas atividades das pessoas de fé e que
acreditam no futuro da humanidade e que “O Cristo, Nossa Páscoa”, com toda sua
força, renova e fecunda a face da terra. A liturgia da Páscoa (Vigília Pascal),
no dizer de Santo Agostinho, é a “Mãe de todas as celebrações” que, com seus
ritos antigos, com toda sua beleza, sua profundidade poética e, ao mesmo tempo
profética, deve nos estimular e desafiar. Ficarmos só no rito, seria muito
triste ao coração de Deus.
A Páscoa deve ser um grito, um
clamor, um anúncio e a proclamação, numa só fé, da busca de um mundo novo que tem
seu início na esperança e no amor de Deus, exigindo da pessoa humana realização
da vida. Quando teremos uma Igreja verdadeiramente marcada pela esperança, com
um rosto pascal? Somos desafiados a construir esta Igreja, associados ao Papa
Francisco, pela força e graça, que nasce da Páscoa. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro,
membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras
dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência
Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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