CD reúne novas composições de sua autoria ao toque de suas violas.
Chico Lobo com Márcio Malard e Paulo Sérgio Santos durante encontro no Cine Teatro Brasil Vallourec.
Por Jorge Fernando dos Santos
Raramente escrevo um artigo ou uma crônica na primeira pessoa. Abrirei hoje uma exceção por uma boa causa. Isso porque tenho uma relação pessoal, que muito me honra, com o personagem desta história. Trata-se do violeiro Chico Lobo, meu parceiro em várias composições, inclusive na trilha sonora da minissérie “Palmeira Seca”, adaptação do meu livro para a Rede Minas com direção de Breno Milagres.
Chico é um dos maiores violeiros do Brasil. Isso não apenas por tocar viola, mas por outros dois motivos: primeiro, seu instrumento tem um toque tão pessoal que no meio de muitas violas somos capazes de distingui-lo nos primeiros acordes; segundo, ele é um dos artistas mais inquietos e trabalhadores da música mineira. Não bastasse isso, tem uma terceira razão para merecer o sucesso conquistado: é um ser humano raro, pela solidariedade e pelo companheirismo.
Pois bem, o nariz de cera foi só para introduzir o tema da prosa: o show e o CD “3 Brasis”, que reúnem novas composições de sua autoria ao toque de suas violas, do violoncelo de Márcio Malard (belo-horizontino de boa cepa) e da clarineta do carioca Paulo Sérgio Santos – um dos músicos do Quinteto Villa-Lobos. Um encontro raro e digno de todos os aplausos que vem recebendo.
Três estilos, três gêneros, três grandes músicos num trabalho antológico. Assim podemos classificar o CD “3 Brasis”. O projeto do selo Kuarup mal havia sido lançado e mereceu duas indicações para o Prêmio da Música Brasileira, com solenidade de gala no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ficar entre os finalistas já foi uma grande vitória para o três parceiros.
Show descontraído
Quem compareceu na quinta-feira passada ao Cine Teatro Brasil Vallourec se emocionou e se divertiu com o repertório e a descontração do show. Além da mistura musical bem ao gosto de Villa-Lobos – homenageado com uma leitura original de “Trenzinho do Caipira” – os três músicos esbanjaram simpatia, entrosamento e bom-humor, numa fórmula simples e funcional que sempre agrada a platéia.
Voltando ao Chico, lembro que ele começou sua carreira há mais de duas décadas, quando trocou as aulas de Educação Física pelo fascínio da viola caipira. De lá para cá foram mais de dez discos e alguns DVDs, cada um com uma proposta diferente. Gravou com Jackson Antunes um CD no qual tocava viola enquanto o ator declamava versos de clássicos caipiras; lançou novos violeiros e buscou mestres da raiz sertaneja em participações em dois de seus discos.
Além da trilha sonora de “Palmeira Seca”, também lançada em CD, gravou com Déa Trancoso seu primeiro álbum de cantora reunindo clássicos caipiras e novas composições. Fez um CD com Tatá Sympa encarnando seu lado lírico, mesclando viola e música erudita; um com o português Pedro Mestre e outro com letristas da MPB e do pop nacional, entre eles Arnaldo Antunes, Vander Lee e Zeca Baleiro.
Além disso, já se apresentou na Itália, Portugal, Cabo Verde, Açores e China. Por essas e outras – repito – Chico Lobo é um dos artistas mais inquietos e trabalhadores da música mineira. Talvez seja o violeiro brasileiro que mais se arrisca na busca de novas parcerias, quebrando preconceitos e galgando sempre um degrau acima do trabalho anterior. Por tudo isso vale ouvir o CD “3 Brasis”. Quem não viu o show que fique de olhos e ouvidos abertos. Novas oportunidades virão.
Dom Total
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