Já jovenzinho, como noviço em Coimbra, Anchieta deixava-se tocar pelas leituras das cartas do grande missionário da Companhia de Jesus, Francisco Xavier. Ele se enamorou pela vida de dedicação e entrega do grande jesuíta. Por outro lado, a mente e o coração de José de Anchieta não foram indiferentes aos apelos do Rei Eterno e Universal, escutados durante os Exercícios Espirituais de 30 dias. Anchieta, como Xavier, não via a hora de dar o sim e embarcar para converter o mundo a Jesus Cristo, o grande capitão.
Feita a opção, chegou o momento da entrega, da partida. Anchieta não titubeou e se colocou a postos para embarcar para o Brasil, o local destinado por Deus para ser seu lugar de missão.
Ao chegar, ou melhor, já durante a viagem, nosso jovem não perdia tempo e buscava onde servir, e servir do melhor modo. Quando da etapa Salvador/São Vicente, ele aproveitou a tempestade com suas adversidades e batizou uma indiazinha, vendo nessa intempérie a ação providente de Deus que possibilitava a salvação daquela criatura e a evangelização dos circunstantes.
Finalmente, em Piratininga, pôde não apenas se entregar com amor à missão recebida de seu superior, mas realizá-la com ousadia, como hoje nos tem pedido a todos o Papa Francisco.
Sua ousadia ia desde colocar no papel a fonética dos indígenas e escrever a gramática da língua mais falada na costa de nossa pátria, até concordar com a ideia de ter tradutor na confissão indígena, quando o sacerdote não sabia a língua tupi, passando pela forma lúdica de catequizar através de peças teatrais.
Mas existia um terceiro ponto nessa atividade missionária de nosso apóstolo: o compromisso. Já bem antes da opção preferencial pelos pobres feita pela Conferência de Medellín, assumida pela Igreja Latino-Americana como implementação do Concílio Vaticano II, Anchieta já havia feito a sua e a anunciava quando repreendia algum colonizador escravagista e o ameaçava de não mais confessá-lo se antes esse não anunciasse publicamente seu arrependimento e seu compromisso de não mais ter essa atividade.
Quando já idoso e desejoso de se aposentar, nosso Apóstolo escolhe Reritiba, hoje Anchieta, para o local de seu descanso. Todavia, a Companhia precisou dele para ser reitor do Colégio de São Tiago, em Vitória. Anchieta abandona a ideia de se retirar e assume a direção do colégio.
Do mesmo modo, não lhe faltam ousadia, entrega e compromisso quando o bispo de Tucumã, no Peru, lhe pede para criar uma comunidade no Paraguai. Anchieta não reclama do excesso de obras, da limitação de recursos humanos, mas deixa-se levar pela ação do Espírito, que vê na ação de Deus algo mais potente que o juízo humano. Essa obediência missionária vai nos proporcionar no futuro as famosas Reduções do Paraguai. Sua administração deixava espaço para a ação do Espírito, como também nos tem insistentemente pedido o Papa Francisco.
Aprendamos com nosso Santo a sermos missionários ousados e comprometidos!
(CAS)
Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2014/06/09/reflex%C3%A3o_para_o_dia_de_anchieta/bra-805702
do site da Rádio Vaticano
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