Ele tem um raro 'timing' de boa colocação e percepção, tanto na TV quanto no rádio.
Por Ricardo Soares*
Neo pensadores e neo pseudo-pensadores, muitos dos quais bem remunerados para dar inócuas palestras, vivem cruzando oceanos para falar das novas tendências da comunicação mundial à luz do mundo digital. A maior parte desses palestrantes pouco acrescentam diante do óbvio e muitas vezes não analisam um dos principais desvios diante da multiplicidade das plataformas e possibilidades digitais. Esse desvio é o "opinionismo" desenfreado.
Nas redes sociais, nas tendências para o futuro, todo mundo tem uma nova opinião formada sobre tudo. Todo mundo, do dia para a noite, se torna especialista em Oriente Médio, seleção brasileira, Ariano Suassuna e programação de televisão. De política então nem se fala. Se rugem opiniões a respeito. Em decibéis altos e sem cordialidade. Notadamente, no Brasil, onde a disputa virou um embate entre o boi Garantido e o boi Caprichoso. Não se permitem nuances entre um e outro. O "opinionismo" tem seus ídolos. Um deles, aliás profissional de rara competência, é o jornalista Ricardo Boechat, âncora de rádio e TV do Grupo Bandeirantes.
Ele tem um raro "timing" de boa colocação e percepção tanto na TV quanto no rádio. Aliás, mais no rádio, onde é muito bom e onde ele mescla uma legítima (ao menos aos olhos dos seus apreciadores) indignação cívica com sua aparente liberdade de desancar tudo e todos, aliado a um certo olhar classista sobre questões que incomodam os mais bem aquinhoados. Ou seja, chuta o balde. É bem pago para fazer com larga ressonância o que muitos de nós prezamos fazer todos os dias nas redes sociais, ambientes de trabalho e papos de boteco.
Mesmo que Boechat pouco saiba a respeito do assunto comentado, suas opiniões chantilly (ficam só na superfície) são aplaudidas porque eivadas de indignação. Boechat é uma espécie de Google humano de opiniões. Escolha um assunto e ele opina com aparente competência. Mesmo com seu olhar de engenheiro de obra pronta, ele dá sempre a impressão de que entende do que está falando, mesmo que cometa tremendos equívocos. Ou seja, é um ótimo profissional do opinionismo desenfreado. Resta saber se, com milhões de opiniões pululando mundo afora, os receptores percebem a diferença entre o joio e o trigo.
Neo pensadores e neo pseudo-pensadores, muitos dos quais bem remunerados para dar inócuas palestras, vivem cruzando oceanos para falar das novas tendências da comunicação mundial à luz do mundo digital. A maior parte desses palestrantes pouco acrescentam diante do óbvio e muitas vezes não analisam um dos principais desvios diante da multiplicidade das plataformas e possibilidades digitais. Esse desvio é o "opinionismo" desenfreado.
Nas redes sociais, nas tendências para o futuro, todo mundo tem uma nova opinião formada sobre tudo. Todo mundo, do dia para a noite, se torna especialista em Oriente Médio, seleção brasileira, Ariano Suassuna e programação de televisão. De política então nem se fala. Se rugem opiniões a respeito. Em decibéis altos e sem cordialidade. Notadamente, no Brasil, onde a disputa virou um embate entre o boi Garantido e o boi Caprichoso. Não se permitem nuances entre um e outro. O "opinionismo" tem seus ídolos. Um deles, aliás profissional de rara competência, é o jornalista Ricardo Boechat, âncora de rádio e TV do Grupo Bandeirantes.
Ele tem um raro "timing" de boa colocação e percepção tanto na TV quanto no rádio. Aliás, mais no rádio, onde é muito bom e onde ele mescla uma legítima (ao menos aos olhos dos seus apreciadores) indignação cívica com sua aparente liberdade de desancar tudo e todos, aliado a um certo olhar classista sobre questões que incomodam os mais bem aquinhoados. Ou seja, chuta o balde. É bem pago para fazer com larga ressonância o que muitos de nós prezamos fazer todos os dias nas redes sociais, ambientes de trabalho e papos de boteco.
Mesmo que Boechat pouco saiba a respeito do assunto comentado, suas opiniões chantilly (ficam só na superfície) são aplaudidas porque eivadas de indignação. Boechat é uma espécie de Google humano de opiniões. Escolha um assunto e ele opina com aparente competência. Mesmo com seu olhar de engenheiro de obra pronta, ele dá sempre a impressão de que entende do que está falando, mesmo que cometa tremendos equívocos. Ou seja, é um ótimo profissional do opinionismo desenfreado. Resta saber se, com milhões de opiniões pululando mundo afora, os receptores percebem a diferença entre o joio e o trigo.
* Ricardo Soares é diretor de TV, escritor, roteirista e jornalista. Titular do blog Todo Prosa (www.todoprosa.blogspot.com) e autor, entre outros, dos livros Cinevertigem, Valentão e Falta de Ar. Atualmente diretor de Conteúdo e programação da EBC- Empresa Brasil de Comunicação.
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