segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Confira momentos marcantes da Flip 2014 em dez palavras

G1 faz seleção do que aconteceu na 12ª edição da festa literária.

Evento foi encerrado no domingo (3) e recebeu mais de 45 autores.

Cauê Muraro e Shin Oliva SuzukiDo G1, em Paraty
Mesa de encerramento da Flip 2014 neste domingo (3), em que escritores leem trechos de seus livros favoritos (Foto: Flavio Moraes/G1)Mesa de encerramento da Flip 2014 neste domingo (3), em que escritores leem trechos de seus livros favoritos (Foto: Flavio Moraes/G1)
A 12ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty acabou neste domingo (3) e o G1 faz um balanço dos momentos mais marcantes dos cinco dias de evento, que recebeu público de cerca de 25 mil pessoas, segundo estimativa da organização, e mais de 45 escritores na programação.
O humor foi uma das forças-motrizes deste ano e garantiu risadas na plateia comlembranças da vida de Millôr Fernandes, homenageado da Flip em 2014, e a participação da atriz Fernanda Torres no último dia. Tendas quase sempre lotadas, mas um público visivelmente mais acanhado nas ruas de Paraty - o setor hoteleiro da cidade registrou uma baixa na procura por hospedagem.
Não houve polêmicas nem rusgas entre participantes, diferentemente de outros anos, mas diversas declarações fortes deram o tom nas mesas (Veja aqui trechos dos encontros).
Confira abaixo momentos que marcaram a Flip em dez palavras:
a emoção (Foto: Arte)
Marcelo Rubens Paiva emocionou muita gente ao ler uma crônica sobre o deasaparecimento e a perda do pai, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar. Ele chorou diversas vezes e confessou que o fato de ter um filho de cinco meses contribuiu para ter uma persepectiva diferente sobre o que ocorreu com seu pai.

a real (Foto: Arte)
Em diversas mesas da Flip deste ano os convidados falaram da importância de rever a forma como educamos as crianças e os mais jovens, como o premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que criticou o conteúdo transmitido aos estudantes. "Enganam-se as crianças como jesuítas na frente dos índios. Só se goza de algo quando se sabe o que está fazendo", disse. O físico Marcelo Gleiser (assista trecho de sua participação acima) lamentou a falta de divulgação científica no Brasil que pudesse estimular novos entusiastas da ciência.

a risada (Foto: Arte)
As gargalhadas, felizmente, apareceram em uma Flip marcada pelo humor na programação. Com a homenagem a Millôr Fernandes, apareceram histórias divertidas sobre sua vida na abertura e em uma segunda mesa. Houve também as presenças de momentos divertidos com Antonio PrataGregorio Duvivier e Fernanda Torres, que relatou uma saia-justa anos atrás em um encontro com o consagrado escritor Salman Rushdie no Rio de Janeiro (veja acima).

o acerto (Foto: Arte)
Plateia acompanha pelo telão fora da Tenda dos Autores a mesa de Edu Lobo e Cacá Diegues (Foto: Flavio Moraes/G1)Plateia acompanha pelo telão fora da Tenda dos Autores a mesa de Edu Lobo e Cacá Diegues (Foto: Flavio Moraes/G1)
A organização da Flip disse que observava um pedido por "mais democratização" e neste ano colocou dois telões de graça (anteriormente era pago) e outros pontos de transmissão das mesas do evento. O áudio integral das mesas também será disponibilizado no canal da festa no YouTube. Proporcionar uma maior circulação das ideias dos autores da Flip foi um acerto desta edição e houve grande interesse do público fora das tendas. Pena ter ocorrido só neste 12º ano de Flip.

a decepção (Foto: Arte)
É difícil uma programação que funcione 100% em qualquer Flip, que cumpra as expectativas do que foi pensado no papel. Neste ano, a mesa da escritora Jhumpa Lahiri (veja vídeo acima), do suíço Joël Dicker e da neozelandesa Eleanor Catton e a dos jornalistas David Carr e Graciela Mochkovsky estiveram longe de empolgar o público. No caso deste último, os estilos dos dois não "deram liga". Já o encontro de Catton e Dicker foi morno, segundo o próprio curador da Flip. Em mensagem lida pelo mediador José Luiz Passos, com o debate em andamento, Paulo Werneck dizia "Zé, a mesa está um pouco fria, eu quero ver sangue". Até o final, foi só anemia.

a fofura (Foto: Arte)
Andrew Solomon, autor do best-seller sobre depressão "O demônio do meio-dia" e do recente "Longe da árvore", recebeu o filho George, de 5 anos no palco durante a sua participação na Flip, arrancando um sonoro "ahnnnnnnnnn" da plateia. Solomon também é um destacado ativista da causa LGBT e falou durante sua mesa no evento sobre como é ser homossexual e pai.

a ideia (Foto: Arte)
Etgar Keret é um dos mais destacados escritores contemporâneos de Israel. Sua participação na Flip, com o conflito na Faixa de Gaza em andamento, fatalmente levaria questões a respeito do assunto até ele. Keret não se esquivou e disse que o foco, de todas as pessoas, até crianças, não deveria ser a paz. A ideia, a palavra fundamental, para ele, é "compromisso", comprometer-se com alguma saída, alguma solução para o conflito no Oriente Médio.

a contundência (Foto: Arte)
"Mato Grosso deveria mudar de nome para 'mato ralo, mato morto ou ex-mato'". Os índios que lá se encontram "vivem numa espécie de Faixa de Gaza brasileira". São frases do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro em mesa da Flip, que explorou durante a programação a questão indígena nos dias de hoje. O momento de maior contundência, no entanto, foi recordar o conceito muitas vezes esquecido de como a história se desenrola: "O que nos torna realmente brasileiro ou francês são as coisas que nos envergonham. (...) Ser de qualquer país é especialmente vergonhoso. (...) Todo estado-nação se constitui historicamente em cima da repressão, do extermínio, do genocídio, do etnocídio e da repressão cultural sobre os povos dos locais onde eles se instalaram".

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