No segundo longa da franquia, os diretores Phil Lord e Christopher Miller repetem a fórmula do primeiro.
Por Nayara Reynaud
SÃO PAULO (Reuters) - Quando o vice-chefe de polícia Hardy (Nick Offerman) fala, em uma das cenas de “Anjos da Lei” (2012), que eles estavam voltando com um projeto dos anos 1980 no qual policiais jovens se infiltram em escolas de ensino médio por causa da falta de criatividade, já ficava claro que o filme derivado da série homônima de grande audiência, que foi exibida pela Fox entre 1986 e 1991, tirava graça da sua própria condição de ser um remake. Enquanto o programa televisivo que ajudou a lançar a carreira do então ator revelação Johnny Depp era um drama policial, a produção cinematográfica seguiu o caminho da comédia, atualizando o contexto escolar em que a nova dupla de tiras, agora formada por Jonah Hill e Channing Tatum, estaria inserida. A mudança pode ter desagradado aos fãs do seriado, mas agradou ao público em geral.
Arrecadando quase o quíntuplo do seu orçamento, era óbvio, ainda mais dentro da lógica de Hollywood, que uma sequência seria feita. “Anjos da Lei 2” não só foi produzida como veio logo aos cinemas. No segundo longa da franquia, que estreou nos Estados Unidos há dois meses – somando US$ 190 milhões nas bilheterias – e chega ao Brasil nesta quinta, os diretores Phil Lord e Christopher Miller repetem a fórmula do primeiro, especialmente no que diz respeito a fazer piada de si mesmo.
O roteiro de Michael Bacall, Rodney Rothman e Orien Uziel – Jonah, que foi roteirista no anterior, só assina a história desta vez – é raso enquanto trama. Eles trazem a dupla formada por Schmidt (Hill) e Jenko (Tatum) novamente usando o disfarce dos irmãos Doug e Brad McQuaid para investigar e deter a proliferação de um novo entorpecente criado em ambiente escolar e que já matou algum estudante de overdose. Só que agora, em vez do ensino médio, eles foram para a faculdade com o objetivo de descobrir o fornecedor do WHYPHY, e não é difícil imaginar que o nome da droga sintética cuja pronúncia é igual a do Wi-Fi irá render alguma gag.
Se o outro longa tinha como mérito inverter os papéis pré-concebidos, colocando o atlético Jenko/Brad nas aulas de químicas ao lado dos nerds e Schmidt/Doug, que antes era o excluído, entre os populares, a nova história se aproveita do porte físico dos dois atores como physique du role. O primeiro vai para o time de futebol americano e cria uma intensa amizade com o quarterback Zook (Wyatt Russell, filho de Kurt Russel e Goldie Hawn), enquanto o segundo se enturma com o pessoal das Artes, saindo com a bela aspirante a artista plástica Maya (Amber Stevens).
Se ela não tem o mesmo potencial como interesse romântico que a personagem de Brie Larson tinha na produção precedente, serve ao menos para introduzir na trama sua estranha colega de quarto, Mercedes (Jillian Bell), com suas ótimas falas, e dar mais espaço ao capitão Dickson, que Ice Cube tinha dado vida tão bem antes e, agora, garante algumas das sequências mais engraçadas do filme. Jonah Hill e Channing Tatum também estão mais afinados em seus papéis, o que torna tudo mais cômico quando “Anjos da Lei 2” aposta no bromance, sugerindo situações românticas na relação dos dois, com direito a afastamento e pedido de tempo.
É justamente aí que a sequência se afasta um pouco da cópia da fórmula já garantida para ganhar corpo próprio. Especialmente porque Phil Lord e Christopher Miller, responsáveis pelas animações “Tá Chovendo Hambúrguer” (2009) e o recente sucesso “Uma Aventura Lego” (2014), sabem não só usar o humor non-sense, como também carregar o lema de “não se levar tão a sério” para toda a equipe, deixando isso muito claro ao público. Vide a cena da “viagem” dos protagonistas sob os efeitos do WHYPHY, que é tão tosca em conteúdo quanto em efeitos que chega a ser impossível não rir.
No entanto, é quando faz piada com o fato de ser uma sequência que o longa mais empolga o espectador. Isso já começa no próprio título original da continuação, 22 Jump Street, pois a divisão policial que ocupava uma capela coreana no número 21 da rua Jump – endereço que dava nome à série e ao filme anterior – foi transferida para a igreja católica vietnamita à frente, no número 22.
Da abertura bem televisiva, recapitulando o que aconteceu previamente, passando pela ordem dos chefes para os dois fazerem a mesma coisa da última missão, até os hilariantes créditos finais, a produção está sempre tirando sarro de si mesma e do interesse voraz de Hollywood em aproveitar histórias “até o bagaço”. Além disso, ainda faz uma série de referências, desde a icônica cena das lagostas em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977) ao humor pastelão do programa de TV inglês “The Benny Hill Show” (1969-1989). E essa metalinguagem só faz bem à comédia, principalmente, porque “Anjos da Lei 2” a utiliza de um modo mais inteligente que as simples paródias lançadas recentemente.
Clique aqui para ver o trailler e onde o filme está em cartaz!
SÃO PAULO (Reuters) - Quando o vice-chefe de polícia Hardy (Nick Offerman) fala, em uma das cenas de “Anjos da Lei” (2012), que eles estavam voltando com um projeto dos anos 1980 no qual policiais jovens se infiltram em escolas de ensino médio por causa da falta de criatividade, já ficava claro que o filme derivado da série homônima de grande audiência, que foi exibida pela Fox entre 1986 e 1991, tirava graça da sua própria condição de ser um remake. Enquanto o programa televisivo que ajudou a lançar a carreira do então ator revelação Johnny Depp era um drama policial, a produção cinematográfica seguiu o caminho da comédia, atualizando o contexto escolar em que a nova dupla de tiras, agora formada por Jonah Hill e Channing Tatum, estaria inserida. A mudança pode ter desagradado aos fãs do seriado, mas agradou ao público em geral.
Arrecadando quase o quíntuplo do seu orçamento, era óbvio, ainda mais dentro da lógica de Hollywood, que uma sequência seria feita. “Anjos da Lei 2” não só foi produzida como veio logo aos cinemas. No segundo longa da franquia, que estreou nos Estados Unidos há dois meses – somando US$ 190 milhões nas bilheterias – e chega ao Brasil nesta quinta, os diretores Phil Lord e Christopher Miller repetem a fórmula do primeiro, especialmente no que diz respeito a fazer piada de si mesmo.
O roteiro de Michael Bacall, Rodney Rothman e Orien Uziel – Jonah, que foi roteirista no anterior, só assina a história desta vez – é raso enquanto trama. Eles trazem a dupla formada por Schmidt (Hill) e Jenko (Tatum) novamente usando o disfarce dos irmãos Doug e Brad McQuaid para investigar e deter a proliferação de um novo entorpecente criado em ambiente escolar e que já matou algum estudante de overdose. Só que agora, em vez do ensino médio, eles foram para a faculdade com o objetivo de descobrir o fornecedor do WHYPHY, e não é difícil imaginar que o nome da droga sintética cuja pronúncia é igual a do Wi-Fi irá render alguma gag.
Se o outro longa tinha como mérito inverter os papéis pré-concebidos, colocando o atlético Jenko/Brad nas aulas de químicas ao lado dos nerds e Schmidt/Doug, que antes era o excluído, entre os populares, a nova história se aproveita do porte físico dos dois atores como physique du role. O primeiro vai para o time de futebol americano e cria uma intensa amizade com o quarterback Zook (Wyatt Russell, filho de Kurt Russel e Goldie Hawn), enquanto o segundo se enturma com o pessoal das Artes, saindo com a bela aspirante a artista plástica Maya (Amber Stevens).
Se ela não tem o mesmo potencial como interesse romântico que a personagem de Brie Larson tinha na produção precedente, serve ao menos para introduzir na trama sua estranha colega de quarto, Mercedes (Jillian Bell), com suas ótimas falas, e dar mais espaço ao capitão Dickson, que Ice Cube tinha dado vida tão bem antes e, agora, garante algumas das sequências mais engraçadas do filme. Jonah Hill e Channing Tatum também estão mais afinados em seus papéis, o que torna tudo mais cômico quando “Anjos da Lei 2” aposta no bromance, sugerindo situações românticas na relação dos dois, com direito a afastamento e pedido de tempo.
É justamente aí que a sequência se afasta um pouco da cópia da fórmula já garantida para ganhar corpo próprio. Especialmente porque Phil Lord e Christopher Miller, responsáveis pelas animações “Tá Chovendo Hambúrguer” (2009) e o recente sucesso “Uma Aventura Lego” (2014), sabem não só usar o humor non-sense, como também carregar o lema de “não se levar tão a sério” para toda a equipe, deixando isso muito claro ao público. Vide a cena da “viagem” dos protagonistas sob os efeitos do WHYPHY, que é tão tosca em conteúdo quanto em efeitos que chega a ser impossível não rir.
No entanto, é quando faz piada com o fato de ser uma sequência que o longa mais empolga o espectador. Isso já começa no próprio título original da continuação, 22 Jump Street, pois a divisão policial que ocupava uma capela coreana no número 21 da rua Jump – endereço que dava nome à série e ao filme anterior – foi transferida para a igreja católica vietnamita à frente, no número 22.
Da abertura bem televisiva, recapitulando o que aconteceu previamente, passando pela ordem dos chefes para os dois fazerem a mesma coisa da última missão, até os hilariantes créditos finais, a produção está sempre tirando sarro de si mesma e do interesse voraz de Hollywood em aproveitar histórias “até o bagaço”. Além disso, ainda faz uma série de referências, desde a icônica cena das lagostas em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977) ao humor pastelão do programa de TV inglês “The Benny Hill Show” (1969-1989). E essa metalinguagem só faz bem à comédia, principalmente, porque “Anjos da Lei 2” a utiliza de um modo mais inteligente que as simples paródias lançadas recentemente.
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