Alemão de 79 anos já atravessou desertos a pé e lutou com cobras píton.
Ele cruzou o Atlântico em tronco de árvore e enfrentou 25 roubos armados.
Ele atravessou desertos, selvas e oceanos sozinhos, lutou contra cobras píton e sobreviveu a 25 roubos armados. Aos 79 anos, o veterano aventureiro alemão Ruediger Nehberg passou a vida nos cantos mais inóspitos do mundo e continua planejando novas jornadas, recusando-se a deixar que um problema auditivo e uma prótese no joelho diminuam seu ritmo.
Refletindo sobre uma vida que ele não esperava que fosse tão longa, o vovô das viagens extremas diz que superar os limites tem sido uma filosofia de vida para ele: “Enriqueceu minha vida imensuravelmente”, afirma.
Nehberg, que imagina seu anjo da guarda cheio de machucados e asas avariadas, brinca que ele embarcou em sua primeira aventura aos quatro anos de idade, quando fugiu para ver sua avó, mas acabou passando a noite em um parque.
“Mais tarde, minha mãe me culpou por ao menos uma de suas úlceras estomacais”, disse, rindo, sentado ao lado de uma fogueira que ele acendeu com um galho em sua propriedade em um lago florestal perto de Hamburgo.
Viagens e cobras
Entre as aventuras que viveu, Nehberg atravessou a pé desertos na Etiópia e na Austrália e cruzou o Atlântico em um barco que ele mesmo fez.
Entre as aventuras que viveu, Nehberg atravessou a pé desertos na Etiópia e na Austrália e cruzou o Atlântico em um barco que ele mesmo fez.
A vontade de viajar surgiu em 1950, quando ele era aprendiz de padeiro e foi pedalando até o Marrocos para aprender a arte de encantar cobras. Começou, aí, uma paixão da vida toda por cobras e por viagens de longa distância.
Rapidamente ele se engajou em uma aventura mais séria: a primeira expedição a descer de barco o Nilo Azul na Etiópia, um rio com correnteza perigosa que passa por cânions e terras desérticas infestadas de bandidos.
A primeira tentativa, em 1970, falhou porque o barco ficou preso em uma armadilha. Da segunda vez, ele conseguiu. Em uma terceira jornada, que foi feita para filmar os crocodilos gigantes do rio, um homem armado matou um amigo dele, Michael Teichmann.
Flecha no estômago
Para Nehberg, essa tragédia pessoal foi um sinal para que ele se preparasse mais para as aventuras. Ele começou um extenuante trabalho físico com exercícios, treinou técnicas de medicina e navegação em meio a arbustos, além de métodos para escapar de prisões e truques de mágica.
Para Nehberg, essa tragédia pessoal foi um sinal para que ele se preparasse mais para as aventuras. Ele começou um extenuante trabalho físico com exercícios, treinou técnicas de medicina e navegação em meio a arbustos, além de métodos para escapar de prisões e truques de mágica.
Ele reuniu seus conhecimentos em 1979, no livro “A arte da sobrevivência”, que ainda é usado pelas forças armadas alemãs.
Nos anos 1980, Nehberg saiu em busca dos índios ianomâmi no Brasil. Foi para a Amazônia com pouco mais que um short e uma gaita para mostrar que não representava uma ameaça aos índios.
“De repente, três deles estavam na minha frente, com as flechas baixas, o que era um bom sinal”, lembra o alemão. “Aquele foi o momento que eu temi por meses, quando me perguntei se o primeiro contato seria uma flecha no estômago”, conta.
Nehberg foi convidado para conhecer a aldeia e depois disso voltou várias vezes. Ele fez 15 viagens para a Amazônia e se tornou um ativista apaixonado contra os garimpeiros que entravam nas terras dos índios.
Paixão por direitos
“De repente, as viagens se tornaram não mais um fim em si mesmas, mas uma forma de ajudar pessoas que estavam ameaçadas”, escreveu ele depois.
“De repente, as viagens se tornaram não mais um fim em si mesmas, mas uma forma de ajudar pessoas que estavam ameaçadas”, escreveu ele depois.
Para difundir a causa indígena, Nehberg produziu livros e programas de TV, fez lobby no Banco Mundial e no Vaticano e começou aventuras ainda mais espetaculares.
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Duas outras viagens cruzando o Atlântico se seguiram, em um tronco de árvore modificado e em uma balsa de bambu.
Com sua organização para os direitos humanos, a TARGET-Ruediger Nehberg, o aventureiro ajudou muitos dos lugares que serviram de cenário para as aventuras: eke construiu clínicas de saúde na Amazônia e na África, por exemplo.
O objetivo do grupo agora é acabar com a prática da mutilação genital feminina, que, segundo o alemão, faz 6 mil vítimas por dia.
Junto com sua mulher, Annete, ele convenceu escolas islâmicas no Cairo a proibirem a prática. Também levou a mensagem através do norte da África em “caravanas da esperança”.
Ele planeja fazer mais uma ou duas “grandes ações” a favor da causa. “Você vai ouvir falar sobre isso. Vai ser incrível”, diz, com a paixão nos olhos não deixando dúvidas de que ele fala sério.
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