quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O caso de Marina - árvores terão mais atenção do que as pessoas.

Sob um governo de Marina, seu histórico indica que as árvores terão mais atenção do que as pessoas.

Por Alexandre Kawakami*

Já deixei bem claro em meus artigos anteriores que não acredito em nenhum dos candidatos à presidência, não apoio partido algum e se pudesse votaria em mim mesmo, não por achar que sou melhor, mas por querer crer que sou menos pior.

Infelizmente, TODA eleição se resume num exercício de votar no menos pior. É da natureza do processo democrático o fato de que nenhum candidato, em lugar algum, vá satisfazer a todas as nossas demandas: o espectro de questões que se colocam sob a decisão dos indivíduos que se dispõem a geri-las é muito amplo para permitir um consenso verdadeiro.

Mas da forma como as coisas são temos de decidir entre um destes candidatos. Já falei à exaustão dos problemas que vejo em outra administração de Dilma e de uma potencial eleição de Aécio. Mas ainda não escrevi sobre Marina.

Em princípio, a eleição de Marina tem tudo para decepcionar a todos os setores da sociedade brasileira. Para os setores produtivos da economia nacional, o histórico de Marina é intervencionista e proibitivo a ponto de beirar o ridículo. É eivado de ações quase que caricaturais, tais como a defesa dos minhocuçus das reservas de usinas hidrelétricas. Sob um governo de Marina, seu histórico indica que as árvores terão mais atenção do que as pessoas.

Mas, ainda que isso venha a agradar aos ecologistas, é com hesitação que Marina teria seu apoio. Isto porque a posição de Marina com relação a minorias é, no mínimo, controversa. Sua posição como evangélica a coloca em rota de colisão com homoafetivos, apologistas da liberação das drogas, ateístas e libertários em geral. E sua posição como evangélica tampouco garante a Marina o apoio dos evangélicos. Isso porque seu histórico em movimentos sociais a coloca lado a lado com figuras extremamente ateístas e antagonistas a qualquer tipo de religião, fazendo com que a candidata esteja longe de satisfazer uma posição conservadora.

Mas ainda assim, a candidatura de Marina é não apenas promissora, mas tem grandes chances de sucesso. Em primeiro lugar, sua equipe econômica é muito melhor do que a equipe econômica atual; ainda que, convenhamos, é tarefa extremamente desafiadora alguém conseguir montar um time pior do que o existente.

Daria Marina ouvidos à sua equipe econômica? Teria capacidade de diálogo com os vários setores que a demandariam? Considerando-se que Marina aceitou uma candidatura conjunta com Eduardo Campos como sua vice, é razoável esperar que tenha maleabilidade de pensamento e posição. Novamente, a comparação é injusta, uma vez que é sabido que Dilma não tem maleabilidade nenhuma, e que Aécio talvez tenha demais.

Mas, de forma mais importante, o grande cabo eleitoral de Marina á a necessidade de mudança. Quando o assunto é política mudança é sempre bom, e depois de um tempo deveria ser compulsória. Marina tem mais chances de vitória do que Aécio, porque tem menos rejeição. E o argumento de que é melhor o mal que conheço do que o que desconheço, no caso destas eleições, aplica-se em oposto.
Isto porque a administração atual já mostrou que dificilmente haverá mal pior.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.

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