Neste sábado, 11 de outubro, comemoram-se os 52 anos do início dos trabalhos do Concílio Vaticano II. Em tempo de Sínodo sobre os desafios pastorais da família do qual está a decorrer no Vaticano a sua primeira etapa, pareceu-nos importante reler e refletir sobre o espírito desse momento fundamental de mudança na Igreja. Recordemos que, precisamente, o Sínodo dos Bispos foi uma das novidades propostas pelo Concílio Vaticano II.
No âmbito da entrevista ao teólogo José Carlos Carvalho, professor da Universidade Católica Portuguesa, acerca das suas expectativas sobre o Sínodo sobre a família, este teólogo português refletiu também sobre a grande renovação que foi para a Igreja o Concílio Vaticano II:
“ O Concílio Vaticano II foi essa renovação e veio pôr nas prateleiras, felizmente, teologicamente a velha escolástica e criou um método. Mas, esse método está, permanentemente, em aplicação. Portanto, nós estamos, constantemente, a ser desafiados a ler em cada tempo os sinais do nosso tempo. Quer dizer que não há receitas pré-estabelecidas. Porque deixou de se considerar que eu tinha atrás de mim uma Palavra imutável, eterna, impassível, intocável que eu tinha de impor ao mundo. Não, a Igreja vive no mundo e traduz para cada tempo o Evangelho: este é o método. Isso obriga permanentemente a dialogar com o mundo e isto tem consequências pastorais. Quer dizer que a pastoral é uma coisa muito séria. Só pode ser pastor quem conhece o mundo, quem só sabe o Catecismo da Igreja católica não tem nada a dizer ao mundo. Esse era o problema da mediação no Antiga Testamento. Só é mediador quem está no meio entre a humanidade e Deus. Se só fala de Deus não tem nada a dizer e a trazer à humanidade. Se só conhece as dinâmicas socias não percebe nada da fé nem tem nada a rezar e a pedir a Deus. E há muita gente na Igreja que está num extremo ou só no outro.
A posição dos cristãos é esta posição intermédia, que é a posição de Cristo de cuja mediação nós somos participantes, todos, e só isso. Só há um mediador. Outra vez, só há um mediador. Quer dizer que Nossa Senhora não é mediadora e que a Igreja também não é mediadora. Só há um mediador que é Cristo de cuja mediação nós somos todos participantes. Portanto, é Ele que nos constitui como família e nós somos a família d’Ele. E nós estamos no meio, Ele coloca-nos no meio entre o mundo e Deus. É isso que disse o Concílio Vaticano II. O Concílio Vaticano II deu-nos este método de estar no meio, no meio do mundo e nós estamos no mundo mas não somos do mundo como diz S. João, que é o testamento de Jesus aos discípulos no capítulo da oração sacerdotal no capítulo 17. Portanto, essa renovação é uma renovação constante.” (RS)
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