segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A paz mundial das misses

24/11/2014  |  domtotal.com

Concurso quer ser resposta aos certames ocidentais de beleza e premia vencedora com relógio de ouro e viagem.

Por Richard Furst*

JERUSALÉM – "Por favor, por favor, liberte a Palestina e o povo sírio. Que Alá todo poderoso me ajude nesta missão e liberte a Palestina", disse chorando e repetidamente a Miss Mundo Muçulmana, ao conquistar o título na sexta-feira (21) na Indonésia.

A especialista em informática tunisiana, Fatma Ben Guefrache, de 25 anos, leu o Corão no lugar do Pequeno Príncipe e pediu pelo Oriente Médio em vez da paz mundial.

Até hoje, eu só conversei com apenas algumas mulheres que se cobrem completamente para andar nas ruas (inclusive com luvas e com a frente do rosto tampada). Com duas delas, eu comentei sobre a curiosa competição, que elas acham divertida e não perdem desde a primeira edição. O assunto me veio a cabeça porque eu percebi que elas usavam sapato de salto e aparentavam vestir-se muito bem abaixo do pano preto da cabeça aos pés.

Saber interpretar os textos religiosos, recitar passagens do Corão, mostrar generosidade e modéstia, usar o hijab no dia-a-dia e ter opinião formada sobre várias questões que concernem o Islã e o seu papel no mundo moderno são ainda algumas das qualidades que as concorrentes devem demonstrar durante as fases do Miss Mundo Muçulmano, cujas provas começaram em junho.

As muçulmanas sabiam na ponta da língua que, além de fazer um grande público feliz, as meninas que têm o seu momento de fama na passarela e a renda do concurso vão para o WMF – World Muslimah Foundation – que pretende ajudar mulheres religiosas do Islã que passem fome, vivam em contexto de guerra, conflitos ou desastres naturais.

Mas de qualquer maneira, fiquei pensando comigo: será que não seria ocidentalização demais?

O ciúme que provocou a morte da miss Honduras e da irmã dela; também a acusação de uma ex-miss americana, presa acusada de tráfico de drogas, flagrada com cocaína, metanfetamina e heroína... foram assuntos que ficaram só atrás das cortinas da passarela na Indonésia.

Salam Aleikum

Em jogo, com as misses, nada de trajes de banho nem saltos altos à mostra. Em vez disso, o hijab (véu que cobre o cabelo e pescoço da mulher, mas não o rosto) e uma prova decisiva em que talento é sinônimo de recitar o livro sagrado com mestria.

O concurso de beleza islâmico surgiu em 2011 como uma resposta ao Miss Mundo, tem chamado atenção não só pelos requisitos da disputa. Uma médica e uma especialista em informática integravam o grupo de 18 aspirantes a miss, vindas de países como Índia, Palestina, Egito, Irã, Alemanha e até Estados Unidos. Todas eram muçulmanas, um dos requisitos para tentar a sua sorte no certame.

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