sábado, 22 de novembro de 2014

´Jogos Vorazes´: série permite diversas leituras

22/11/2014  |  domtotal.com

Os Jogos Vorazes são todas as guerras em que o país se envolveu e ainda se envolve.

Por Alysson Oliveira, do Cineweb

Agora, o que realmente importa: o quanto de nosso presente “Jogos Vorazes” é capaz de perceber? Na verdade, muito, e de formas variadas. Seu cenário distópico serve a interesses de ambos os lados do espectro político – e disso surge o apelo quase universal dos filmes e dos livros: eles podem agradar a qualquer ideologia. Eles podem ser um retrato do mundo do capital financeiro – cada competidor é um investimento precioso de seu distrito – como também do mercado do trabalho – cada competidor luta por uma vaga numa sociedade em crise financeira eterna.

Se a ideia da transformação, da revolução, é plantada desde o primeiro filme, e alimentada em cada um deles, é preciso também lembrar que esta é uma série produzida por Hollywood, uma das indústrias mais lucrativas dos EUA – ao lado da bélica, outra que também está no centro do filme.

Afinal, os Jogos Vorazes são todas as guerras em que o país se envolveu e ainda se envolve: é preciso dar alguma ocupação a milhares de jovens que não encontram emprego na pátria-mãe.

Voltando a Hollywood: cinema é indústria e precisa gerar lucro, não instigar revoluções (ao menos não os grandes blockbusters). E, ao culpar a televisão (os Jogos Vorazes são televisionados), o cinema transfere a culpa da alienação para outro meio – quando ele mesmo é tão ou mais culpado por isso. Sem contar que transformar a trilogia de livros em quatro filmes é mais uma evidência do quanto este tipo de cinema é focado no business.

Enfim, como algo feito para gerar lucros e mais lucros pode ser uma crítica à alienação ou à concentração de riquezas? É nessa contenção, nessa incapacidade de transpor os seus limites, de pensar além do que lhe é dado que reside o grande paradoxo da série. E também a sua beleza.

Clique aqui, assista ao trailer e saiba onde o filme está em cartaz na Agenda Cultural!
Reuters

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