Padre Geovane
Saraiva*
O Papa Francisco ao falar da cultura do “descartável”, afirma com
todas as letras que já não se trata simplesmente do fenômeno de exploração e
opressão, mas de uma realidade nova, a saber: “Com a exclusão, fere-se, na
própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas,
na periferia ou sem poder já não pode está nela, mas fora. Os excluídos não são
explorados, mas resíduos, sobras” (cf. EG, 53).
É uma realidade
dramática para muitas pessoas que, sobretudo, nas médias e grandes cidades em
todo o planeta, por diversos fatores, tornaram-se pessoas privadas de uma das
maiores necessidades humanas: casa ou lar, bem como de tudo aquilo que isso
representa. Logo vem em nosso mente o aconchego ou o mínimo de conforto,
privacidade ou calor humano, isto é, a realidade elementar e imprescindível de
uma família.
O gesto
magnânimo do Sumo Pontífice, O Papa Francisco, de pensar concretamente nesses
seus conterrâneos em torno do Vaticano e da cidade eterna, tem uma importância
incomensurável, nas seguintes palavras: “Os moradores de rua que vivem nos
arredores do Vaticano poderão contar, nos próximos dias, com mais serviços. A
partir de segunda feira, 17 de novembro, terá início a reforma dos banheiros
químicos posicionados sob o “colonato” da Basílica, destinados aos turistas.
Três deles serão dotados de chuveiro”.
Veja estimado
leitor que é de causar enormes dores no coração o que sai da boca deles, lá bem
pertinho do Bispo de Roma: “Na praça, aqui na praça do centro mesmo. Eu fico
ali, o dia todinho. Durmo ali, nos bancos da praça. As pessoas até que me dão
algumas coisas. Me dão roupas, ficam com dó, eu acho. Quando chove, eu me
escondo lá debaixo da igreja da Matriz. Carrego só aquilo que dá pra levar
comigo, o resto ficava lá, molhando tudo.” relata Zé do Tonho, outro morador de
rua”.
A decisão foi
tomada depois que o Elemosineiro do Papa, Dom Konrad Krajewski, convidou um
morador de rua para jantar num restaurante no início de outubro. O convidado
era um senhor italiano da ilha da Sardenha, chamado Franco, que naquele dia
completava 50 anos. Franco respondeu ao Bispo polonês: “Não posso ir ao
restaurante porque estou mal cheiroso. Aqui ninguém morre de fome. Mas não há
banheiros onde possamos nos lavar”.
Diante de um
mundo que avança sempre mais no campo da ciência e da técnica, mais do que
nunca é chamado a dar passos concretos neste contexto acima citado, do
contrário, o humanismo cederá ainda mais. Que a iniciativa do Romano Pontífice,
sensibilize as autoridades do mundo inteiro a colocar como prioridade esta
dolorosa realidade. : “A Basílica existe para custodiar o Corpo de Cristo e nos
pobres nós servimos o corpo sofredor de Jesus. Desde sempre, na história de
Roma, os pobres se reúnem em volta das basílicas” (14.11.2014).
Para melhor
compreender o mundo e carregá-lo no nosso coração, pensemos nos inúmeros gestos
sublimes e excelsos do Papa Francisco em favor da vida, bem como reflitamos
sobre o seguinte pensamento de John Lenon, o qual pode nos ajudar na
compreensão da beleza e preciosidade do dom maravilhoso da vida: "Quando
eu tinha cinco anos, a minha mãe dizia-me que a felicidade era a chave da vida.
Quando eu fui para a escola, perguntaram-me o que queria ser quando fosse
grande, escrevi "feliz". Então eles disseram-me que eu não tinha
entendido o exercício, e eu disse-lhes que eles não entendiam a vida".
Amém!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza,
escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e
Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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