"O primeiro milagre é dar-se conta que o outro existe". (Simone Weil)
Na memória das minhas orações preferidas (e também das mais significativas) há uma que reza assim: "Deus calará sempre se tu não lhe emprestares a tua boca. Deus jamais agirá se não lhe emprestares as tuas mãos". Interessante: na era da autossuficiência e da exaltação do "eu sou capaz," em que o importante é bastar-se a si mesmo, para não nos sentirmos perdidos, Deus nos diz: preciso de você! Para se exprimir, para poder dar sinais da sua presença, para agir, precisa de nós; precisa de nossas mãos para construir e acariciar; necessita de nossas pernas para caminhar e dançar. Como não lembrar as palavras do profeta Isaías, "como são belos os pés dos que anunciam a paz!?" (Is 52, 7).
Deus fez-se carne, corpo...
É isso mesmo: quão importante é a nossa mente e quanto é vital o nosso coração para que Deus pense em nós e nos possa amar! Deus, que nunca ninguém viu, precisa de nós para que O possam ver! O evangelista João exprime esta ideia quando afirma que Deus se diz (se comunica, se apresenta, se revela) através de Jesus, ou seja, que a Palavra (que estava com Deus e era Deus) se tornou carne (Jo 1, 14). A palavra divina (através da qual Deus se diz) se tornou corpo, olhos, ouvidos, boca, coração, mente, mãos, estômago, pernas e pés.
É isso mesmo: quão importante é a nossa mente e quanto é vital o nosso coração para que Deus pense em nós e nos possa amar! Deus, que nunca ninguém viu, precisa de nós para que O possam ver! O evangelista João exprime esta ideia quando afirma que Deus se diz (se comunica, se apresenta, se revela) através de Jesus, ou seja, que a Palavra (que estava com Deus e era Deus) se tornou carne (Jo 1, 14). A palavra divina (através da qual Deus se diz) se tornou corpo, olhos, ouvidos, boca, coração, mente, mãos, estômago, pernas e pés.
Deus sente, cura, caminha...
Com que Jesus sentia compaixão, senão com o coração? Como é que Ele podia curar sem o toque das mãos? Passava de povoado em povoado como, senão com os pés? Ensinava e pregava como, senão com os lábios? Enfim, os evangelhos mostram-nos Jesus que come, dorme, fala, caminha, sente. Para se expressar, para agir, Deus se "encarna", torna-se corpo. Esta mesma imagem que iluminou o apóstolo Paulo para nos falar de modo tão enfático da comunidade dos que creem, o corpo que não se compõe de um só membro, mas de muitos membros, imprescindíveis para o bom funcionamento de tudo. Para poder agir, cada um precisa do outro: o olho dos ouvidos, a mão dos pés, a mente do coração... Mais: querendo exprimir a relação da comunidade com Cristo, aquele Jesus no qual Deus se fez corpo, o apóstolo Paulo, precisa: "como o corpo, sendo um, tem muitos membros, e os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo (1 Cor 12, 12); e um pouco mais adiante (v. 27) torna mais ainda explícito o seu pensamento: "Vós sois o corpo de Cristo e membros singulares seus".
Com que Jesus sentia compaixão, senão com o coração? Como é que Ele podia curar sem o toque das mãos? Passava de povoado em povoado como, senão com os pés? Ensinava e pregava como, senão com os lábios? Enfim, os evangelhos mostram-nos Jesus que come, dorme, fala, caminha, sente. Para se expressar, para agir, Deus se "encarna", torna-se corpo. Esta mesma imagem que iluminou o apóstolo Paulo para nos falar de modo tão enfático da comunidade dos que creem, o corpo que não se compõe de um só membro, mas de muitos membros, imprescindíveis para o bom funcionamento de tudo. Para poder agir, cada um precisa do outro: o olho dos ouvidos, a mão dos pés, a mente do coração... Mais: querendo exprimir a relação da comunidade com Cristo, aquele Jesus no qual Deus se fez corpo, o apóstolo Paulo, precisa: "como o corpo, sendo um, tem muitos membros, e os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo (1 Cor 12, 12); e um pouco mais adiante (v. 27) torna mais ainda explícito o seu pensamento: "Vós sois o corpo de Cristo e membros singulares seus".
Deus já fez. E você?
Não só Deus precisa de você, mas necessita de você junto com os demais. O caminho que Ele propõe não é solitário, mas coletivo; um caminho no qual cada um é chamado a empreender em companhia de outras pessoas. Nem isto deveria maravilhar-nos assim tanto, já que o fato do viver juntos é mesmo o nosso maior problema. Nem a nós próprios nos suportamos, muitas vezes! Isto para não falar de nossos pais, nossos professores, aquele que não se veste como eu, não fala como eu e nem mora no mesmo lugar que eu... Eis o "problema" que aflige a humanidade: a convivência entre diferentes profissões de fé, povos, nações, vizinhos, familiares. E o espantoso é que só tem um modo de resolvermos este problema: é estando junto aos demais que aprendemos a viver, a conviver, sendo corpo de Cristo (cf. 1 Cor 12, 27). Você aceita isso?
Não só Deus precisa de você, mas necessita de você junto com os demais. O caminho que Ele propõe não é solitário, mas coletivo; um caminho no qual cada um é chamado a empreender em companhia de outras pessoas. Nem isto deveria maravilhar-nos assim tanto, já que o fato do viver juntos é mesmo o nosso maior problema. Nem a nós próprios nos suportamos, muitas vezes! Isto para não falar de nossos pais, nossos professores, aquele que não se veste como eu, não fala como eu e nem mora no mesmo lugar que eu... Eis o "problema" que aflige a humanidade: a convivência entre diferentes profissões de fé, povos, nações, vizinhos, familiares. E o espantoso é que só tem um modo de resolvermos este problema: é estando junto aos demais que aprendemos a viver, a conviver, sendo corpo de Cristo (cf. 1 Cor 12, 27). Você aceita isso?
* Domingos Francisco Forte, imc, é diretor do Centro de Animação Missionária, São Paulo, SP.
Publicado na edição Nº09 - Novembro 2013 - Revista Missões.
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