Quarta-feira, dez de junho de 2015. Justiça seja feita: o Supremo Tribunal Federal escreveu um capítulo brilhante na história da liberdade de expressão no Brasil. Por nove votos a zero, o STF mandou para o lixo a censura prévia às biografias. Ninguém votou pela manutenção do obscurantismo. A ministra Cármen Lúcia pronunciou aquela que é, desde já, presença certa na lista das frases do ano: “Cala a boca já morreu”. Ou seja: ninguém pode calar a boca de ninguém.
(É óbvio que, numa democracia, todas as partes têm todo o direito de se manifestar nos tribunais. Mas não custa nada anotar que o advogado de Roberto Carlos fez um papel patético: virou a única voz pró-obscurantismo. Peço licença aos senhores jurados para manifestar um pensamento politicamente incorreto: ao ouvir parte das perorações do representante do senhor RC, tive a tentação de pensar que advogado consegue ser pior do que jornalista! Por um bom “cachê”, um advogado é capaz de defender publicamente censura ou, por exemplo, encontrar em cinco minutos uma dúzia de atenuantes para um selvagem que ataca os outros com uma faca numa festa....).
Uma nota paralela: o país esperava, há meses, que o Senado Federal, assim como ocorrera com a Câmara dos Deputados, derrubasse a censura prévia a biografias. O Senado demorou, demorou, demorou. Não votou a matéria até hoje. Resultado: o STF é que vai ficar, com todas as honras, com os “louros” da vitória. O Senado engoliu mosca. Lamentável. Perdeu uma grande chance de tomar uma decisão histórica.
Roberto Carlos começou com toda esta confusão. Pisou na bola feíssimo.
A obsessão de Roberto Carlos em censurar uma biografia que, no fim das contas, lhe é elogiosa parece ser um caso clínico. Triste, triste, triste. Não é exagero dizer que Roberto Carlos manchou a própria biografia ao investir contra os biógrafos.
Justiça seja feita - de novo: é um grande intérprete. O repertório é cheio de altos e baixíssimos. Aquele verso “meu cachorro me sorriu latindo” é indefensável sob qualquer critério: estético, ético, veterinário, filosófico, artístico, musical, sinfônico, sociológico ou antropológico. Há momentos gloriosos: aquele disco “Roberto Carlos em ritmo de aventura” é bonito.
Idem para “O inimitável”.
Roberto Carlos cantando “Como dois e dois” - música bonita de Caetano Veloso - é emocionante:
(É óbvio que, numa democracia, todas as partes têm todo o direito de se manifestar nos tribunais. Mas não custa nada anotar que o advogado de Roberto Carlos fez um papel patético: virou a única voz pró-obscurantismo. Peço licença aos senhores jurados para manifestar um pensamento politicamente incorreto: ao ouvir parte das perorações do representante do senhor RC, tive a tentação de pensar que advogado consegue ser pior do que jornalista! Por um bom “cachê”, um advogado é capaz de defender publicamente censura ou, por exemplo, encontrar em cinco minutos uma dúzia de atenuantes para um selvagem que ataca os outros com uma faca numa festa....).
Uma nota paralela: o país esperava, há meses, que o Senado Federal, assim como ocorrera com a Câmara dos Deputados, derrubasse a censura prévia a biografias. O Senado demorou, demorou, demorou. Não votou a matéria até hoje. Resultado: o STF é que vai ficar, com todas as honras, com os “louros” da vitória. O Senado engoliu mosca. Lamentável. Perdeu uma grande chance de tomar uma decisão histórica.
Roberto Carlos começou com toda esta confusão. Pisou na bola feíssimo.
A obsessão de Roberto Carlos em censurar uma biografia que, no fim das contas, lhe é elogiosa parece ser um caso clínico. Triste, triste, triste. Não é exagero dizer que Roberto Carlos manchou a própria biografia ao investir contra os biógrafos.
Justiça seja feita - de novo: é um grande intérprete. O repertório é cheio de altos e baixíssimos. Aquele verso “meu cachorro me sorriu latindo” é indefensável sob qualquer critério: estético, ético, veterinário, filosófico, artístico, musical, sinfônico, sociológico ou antropológico. Há momentos gloriosos: aquele disco “Roberto Carlos em ritmo de aventura” é bonito.
Idem para “O inimitável”.
Roberto Carlos cantando “Como dois e dois” - música bonita de Caetano Veloso - é emocionante:
Há uma sintonia indiscutível entre Roberto Carlos e o gosto popular.
Estive há pouco no sertão de Pernambuco, numa cidade minúscula chamada Solidão, para gravar um documentário para a Globonews.
Era dia de feira: uma caixa de som, na rua, passou o dia inteiro tocando Roberto Carlos. Numa entrevista, um morador, homem humilde que sonhava em um dia conhecer o Rio de Janeiro, dizia que admirava a cidade porque era lá que vivia a maioria dos artistas. “E Roberto Carlos, para mim, é o número um”, disse, com os olhos brilhando.
A sintonia entre RC e o gosto popular existe e sempre existiu.
Pergunta-se: por que um artista com tanta presença na história dos brasileiros se meteu numa “roubada” dessas?
Não há meias palavras: as atitudes de Roberto Carlos no caso das biografias são indefensáveis, indefensáveis, indefensáveis. A beleza de tantas das interpretações de Roberto Carlos é igualmente indiscutível.
Um exemplo aleatório, entre tantos: uma música que nem fez tanto sucesso. Chama-se “Alô”. É provável que os versos soassem banais na voz de qualquer outro intérprete. Cantados por Roberto Carlos, vão fundo. É esta a diferença: https://goo.gl/gS1dT4
Sou insuspeitíssimo para falar, porque perdi a conta de parágrafos que escrevi contra a censura prévia a biografias. Detonei as lamentabilíssimas atitudes do “Rei”. (Já o entrevistei algumas vezes. Tenho certeza de que ele jamais me dará outra entrevista. Tudo bem). Mas sei: o que Roberto Carlos já cantou é maior do que qualquer polêmica em que ele tenha se envolvido. É o que vai ficar. Um dia, a briga pela publicação das biografias estará esquecida. Uma caixa de som de alguma cidade do sertão estará tocando uma música de Roberto Carlos.
De qualquer maneira, não posso deixar de dizer: nessa confusão toda, as coisas que Roberto Carlos fez e disse estão certas, sempre estiveram certas - como dois e dois são cinco.
Estive há pouco no sertão de Pernambuco, numa cidade minúscula chamada Solidão, para gravar um documentário para a Globonews.
Era dia de feira: uma caixa de som, na rua, passou o dia inteiro tocando Roberto Carlos. Numa entrevista, um morador, homem humilde que sonhava em um dia conhecer o Rio de Janeiro, dizia que admirava a cidade porque era lá que vivia a maioria dos artistas. “E Roberto Carlos, para mim, é o número um”, disse, com os olhos brilhando.
A sintonia entre RC e o gosto popular existe e sempre existiu.
Pergunta-se: por que um artista com tanta presença na história dos brasileiros se meteu numa “roubada” dessas?
Não há meias palavras: as atitudes de Roberto Carlos no caso das biografias são indefensáveis, indefensáveis, indefensáveis. A beleza de tantas das interpretações de Roberto Carlos é igualmente indiscutível.
Um exemplo aleatório, entre tantos: uma música que nem fez tanto sucesso. Chama-se “Alô”. É provável que os versos soassem banais na voz de qualquer outro intérprete. Cantados por Roberto Carlos, vão fundo. É esta a diferença: https://goo.gl/gS1dT4
Sou insuspeitíssimo para falar, porque perdi a conta de parágrafos que escrevi contra a censura prévia a biografias. Detonei as lamentabilíssimas atitudes do “Rei”. (Já o entrevistei algumas vezes. Tenho certeza de que ele jamais me dará outra entrevista. Tudo bem). Mas sei: o que Roberto Carlos já cantou é maior do que qualquer polêmica em que ele tenha se envolvido. É o que vai ficar. Um dia, a briga pela publicação das biografias estará esquecida. Uma caixa de som de alguma cidade do sertão estará tocando uma música de Roberto Carlos.
De qualquer maneira, não posso deixar de dizer: nessa confusão toda, as coisas que Roberto Carlos fez e disse estão certas, sempre estiveram certas - como dois e dois são cinco.
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