Rádio Vaticana
Washington (RV) – O consultor teológico do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, o Arquidiácono John Chryssavgis, publicou no «First Things» - um dos mais influentes jornais estadunidenses sobre religião - uma leitura ortodoxa da Encíclica Laudato Si do Papa Francisco. A responsabilidade pela compaixão – escreve o autor – é o que move o Papa e o Arcebispo de Constantinopla a uma preocupação compartilhada pela exploração das pessoas e do planeta como Corpo de Cristo. O L’Osservatore Romano publicou na sua edição de 07/07 parte do artigo intitulado “No caminho certo”, a Encíclica e a comum responsabilidade de Francisco e Bartolomeu.
“A Encíclica papal sobre o cuidado da criação foi há muito tempo antecipada não somente por uma perspectiva ecológica, mas também no contexto da abertura ecumênica entre dois líderes religiosos profundamente e firmemente comprometidos em retomar a comunhão entre suas duas Igrejas, que Constantinopla ama caracterizar como “Igrejas irmãs” e que Roma descreve de bom grado como “dois pulmões que respiram juntos”. Se o compromisso pela comunhão é o que atrai Francisco e Bartolomeu para um testemunho comum em um mundo dividido pelas tensões políticas e econômicas, como também por conflitos religiosos e raciais, a responsabilidade pela compaixão é, sem dúvida, o que os impele a uma preocupação compartilhada pela exploração das pessoas e do planeta como corpo de Cristo.
Por 25 anos, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu sublinhou a dimensão espiritual da crise ecológica e até mesmo introduziu o conceito revolucionário do pecado ecológico, expandindo a nossa compreensão do arrependimento por aquilo que até agora consideramos um delito pessoal ou uma transgressão social para um abuso mais amplo, comum, geracional e até mesmo ambiental da criação de Deus. E desde sua eleição, o Papa se deu o nome de São Francisco de Assis, indicando de modo inquestionável a sua prioridade e a sua sensibilidade pelas pessoas marginalizadas, vulneráveis e oprimidas na nossa comunidade global. Por isto, na sua recente Encíclica reza: «Ó Deus […] cura a nossa vida para que protejamos o mundo e não o depredemos […]. Toca os corações daqueles que buscam somente vantagens à custa dos pobres e da terra».
O que a Encíclica do Pontífice nos recordou com força e de modo definitivo é que preservar a natureza e servir o próximo são duas coisas inseparáveis; são duas faces da mesma moeda. A este respeito, defendo que seja realmente providencial que estes dois bispos estejam guiando suas respectivas Igrejas juntamente neste particular momento crítico. E é também uma bênção extraordinária que consigam relacionar-se entre eles com tanta facilidade e confiança. Não tenho nenhuma dúvida de que a acolhida favorável – mas ao mesmo tempo ousarei acrescentar a reação hostil e as ásperas críticas – da promoção e do apoio por eles oferecido ao cuidado pela criação de Deus seja talvez a maior prova de que certamente estão no caminho certo. Mesmo somente por esta razão, merecem a nossa oração e o nosso elogio, enquanto os seus exemplos e suas orientações iluminadas merecem a nossa atenção e promulgação”. (JE/OR)
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