Gonzaga Mota*
Não sou musicólogo, bem que gostaria de sê-lo, mas, com exceção dos barulhentos, admiro todos os gêneros musicais. Por sua vez, sempre destaco dezenas de compositoras e compositores brasileiros cuja importância ultrapassa os limites da nossa musica popular. Suas letras, além do talento, expressam afeto e, por questão de justiça, eles deveriam ser incluídos na galeria dos nossos grandes poetas, pela indiscutível qualidade literária de seus versos. Inclusive, poderiam ser companheiros dos intelectuais da Academia Brasileira de Letras. São também imortais. Por outro lado, quando sou indagado quais os melhores, fico numa situação bastante difícil. Não sei responder. No entanto, no momento, ressaltaria, dentre vários, o inesquecível Lupicínio Rodrigues. Suas criações musicais são belíssimas. No último fim de semana, ouvi com atenção e emoção o CD “Loucura” da brilhante Adriana Calcanhoto cantando composições daquele que muito sofreu por amor. Aliás, muitos perguntam: quem já sofreu por amor? Os poetas respondem: todos possuidores de sentimento. Para Lupicínio o amor era a razão do seu viver. Como boêmio a inspiração dominava o seu coração. Além de sofrer; perdoava, implorava e buscava a mulher dos sonhos, talvez imaginária. As letras de Lupicínio mostram aquele que procura a amada para viver sempre ao seu lado. Sua “volta” abriria as portas do coração e “nunca” mais cometeria qualquer “loucura”, pois “há um deus”(Eros, deus do amor da mitologia grega) que não permitiria “vingança” e sim “felicidade”.
*Integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, poeta, escritor, professor da UFC e ex-governador do Ceará.
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