quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Diretora de "Crepúsculo" queria que mulheres dirigissem as sequências

Catherine Hardwicke volta ao Festival do Rio para lançar novo filme.
Drama conta com Drew Barrymore e Toni Collette nos papéis principais

Célio SilvaDo G1 Rio

Catherine Hardwicke está no Rio para lançar "Já sinto saudades" (Foto: Foto: Célio Silva/G1)Catherine Hardwicke está no Rio para lançar "Já sinto saudades"; (Foto: Célio Silva/G1)

A norte-americana Catherine Hardwicke esteve pela primeira vez no Festival do Rio em 2003, para lançar "Aos treze", estrelado por Holly Hunter e Evan Rachel Wood. O filme fez um grande sucesso na época e tornou seu nome conhecido entre os cinéfilos. Depois, ela realizou outros trabalhos, mas o seu mais lembrado é mesmo a adaptação do livro "Crepúsculo", que virou uma verdadeira febre entre os adolescentes e transformou seus protagonistas Kristen Stewart e Robert Pattinson estrelas da noite para o dia. Mas a cineasta lamentou, em entrevista ao G1, que os outros capítulos da série não tenham sido dirigidos por mulheres.
Agora, em 2015, Catherine está de volta para mostrar um filme que não é estrelado por jovens e fala de questões mais maduras. Em "Já sinto saudades", o espectador acompanha a história de Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette), amigas inseparaváeis desde a infância que acabam passando por problemas depois que Milly descobre que um câncer de mama na mesma época que Jess tenta ser mãe. O G1 conversou com a diretora, que falou de seu mais recente projeto, de seu passado como arquiteta e, é claro, de "Crepúsculo".
A cineasta explicou que resolveu abraçar este projeto porque conviveu com várias pessoas com câncer e acha que esse assunto é muito desafiador. Mas ela disse que queria tratá-lo com um certo humor , até porque seu pai também teve câncer, mas não ficou mau humorado com isso: "Ele tinha um um humor meio cruel, mas nunca ficava triste!", disse a diretora.
Continuação de "Aos Treze"
Catherine Hardwicke acredita que "Já sinto saudades" é um tipo de continuação de "Aos Treze", já que Jess e Milly se comportam como suas personagens de seu outro filme, quando estão na adolescência, com suas loucuras e até mesmo o seu egoísmo. Hardwicke disse que escolheu Toni Collette para o papel porque ela não tem medo de fazer personagens loucos, ou se expôr, e topa fazer qualquer coisa diante das câmeras, até mesmo raspar a cabeça (como acontece num certo momento do filme). Já Drew Barrymore foi escolhida porque todos gostam dela desde "E.T." e achou que ela seria ótima se fosse a pessoa mais equlibrada entre as duas amigas. Ela também revelou que muito do que se vê na tela foi improvisado pelas duas, o que criou maior cumplicidade entre as duas. Mas que para criar a "química" entre as atrizes, ela seguiu um conselho de Richard Linklater ('de Boyhood"), com quem já trabalhou na produção de alguns de seus filmes, que era ensaiar e fazê-las e conviver por um tempo até que se desenvolvesse uma intimidade entre as duas.
Numa das cenas mais chocantes de "Já sinto saudades", a personagem de Toni Collette mostra os efeitos de uma mastectomia. Para fazer este momento, Catherine afirmou que utilizou computação gráfica e ajuda de um médico para que a maiquiagem das cicatrizes fosse a mais fiel possível. "Foi uma cena muito emocionante para filmar", disse a diretora. Ela também revelou que teve o auxílo de muitos profissionais de saúde do Reino Unido (onde o filme foi rodado) nos sets e que procurou ler tudo sobre a doença, mas que foi "algo pesado".
Drew Barrymore e Toni Collette estrelam Já Sinto Saudades (Foto: Foto: Divulgação)Drew Barrymore e Toni Collette estrelam
"Já Sinto Saudades" (Foto:Divulgação)
Situação das mulheres mudou em 12 anos, diz diretora
Ao comparar como as mulheres eram vistas em Hollywood quando veio ao Festival do Rio pela primeira vez, há 12 anos atrás, em relação ao momento atual, Catherine Hardwicke afirmou que as pessoas estão mais atentas às questões femininas, como assédio sexual e estupro. Tanto que deu, como exemplo, o vídeo que ela dirigiu para Lady Gaga da canção "Til it happens to you", lançado há algumas semanas, que mostra garotas sendo assediadas e que lutam para serem respeitadas. Para ela, isso mostra que há mais pessoas falando sobre esses problemas e que há mais espaço para as mulheres como diretoras, roteiristas e outras profissionais no cinema. Mas a diretora acredita que pode haver um equilíbrio entre homens e mulheres, como ela procurou mostrar em seu filme, onde os maridos das protagonistas, vividos por Dominic Cooper e Paddy Constantine são também bons personagens.
Questionada a respeito da onda de adaptar livros voltados para adolescentes, que cresceu bastante após o sucesso dos filmes baseados em "Harry Potter" e, obviamente, "Crepúsculo", Catherine Hardwicke diz gostar de ver mulheres fortes como protagonistas, como as interpretadas por Jennifer Lawrence em "Jogos Vorazes" ou Shailene Woodley em "Divergente". Mas o que ela não gostou foi de ver homens dirigindo as continuações da "Saga Crepúsculo". Para ela, seria melhor se fossem mulheres na direção. Mas que é mais fácil para contratar um homem, porque ele lida somente com estereótipos. "Temos que fazer filmes para todos os tipos de pessoas, não só para o homem branco", acredita a diretora.
No fim, Catherine Hardwicke confessou que deixou de ser uma arquiteta para se tornar uma diretora porque não queria fazer a mesma coisa o tempo todo. Então acreditou que era mais encorajador e diferente fazer filmes. Porém, ela assume que era um pouco ingênnua na época e que não esperava que Hollywwod limitasse a criatividade com tantas sequências, por exemplo. Mas que agora, está fazendo uma série para TV sobre arquitetura. "Estou trazendo tudo de volta!", disse, rindo, a cineasta.
Robert Pattinson e Kristen Stewart em Crépúsculo, maior sucesso de Catherine Hardwicke (Foto: Foto: Divulgação)Robert Pattinson e Kristen Stewart em "Crepúsculo", sucesso de Catherine Hardwicke (Foto: Divulgação
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