terça-feira, 24 de maio de 2016

A Santíssima Trindade

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O que produz confusão na cabeça das pessoas é a maneira de falar sobre Deus.
A linguagem humana é muito pobre para falar de assuntos tão elevados.
A linguagem humana é muito pobre para falar de assuntos tão elevados.

Por Dom José Maria Maimone*

Ao celebrarmos a Solenidade da Santíssima Trindade, quero partilhar minhas reflexões sobre o maior mistério da nossa fé.

Já no colo de nossa mãe aprendemos invocar ao Deus trino ao fazermos o “Nome do Pai...”. Um pouco mais tarde na catequese aprendemos que no batismo nos tornamos templos vivos da Santíssima Trindade.

No credo afirmamos que cremos e um só Deus e que tudo o que afirmamos sobre o Pai, também o afirmamos sobre o Filho e sobre o Espírito Santo.

Quando estudamos teologia aprendemos que a única coisa que é distinta em cada pessoa é seu relacionamento com as outras.

Até aqui tudo bem! O que produz confusão na cabeça das pessoas é a maneira de falar sobre Deus. As coisas espirituais e divinas não são fáceis de se expor. A linguagem humana é muito pobre para falar de assuntos tão elevados. Mesmo inspirados por Deus os escritores sagrados não encontram sempre palavras certas para se expressar.

No Antigo Testamento foi mais simples. Vivendo entre povos politeistas, o importante era firmar o Povo de Deus na fé em um só Deus verdadeiro, Criador e Senhor do universo.

Mesmo assim ficou para nós algo que a Bíblia não ensinou, pois no Antigo Testamento Deus não é chamado de Pai e quase todos pensam nele como Pai. 

Depois vem o problema do antropologismo: colocar em Deus aquilo que é do homem. Na família o pai é a cabeça e às vezes é o único que manda; os filhos obedecem. Sem pensar o homem esta realidade para Deus.

O Pai é quem manda, o Filho e o Espírito devem obedecer. Se fosse assim o Pai seria maior que o Filho e o Espírito; e só ele seria Deus. Afirmamos que Deus é família, e colocamos no divino o que é humano.

Costumamos dizer que Deus é a primeira e a mais perfeita comunidade. Isso nos autoriza a nos autoriza a supor uma democracia em Deus. Em vez do Pai mandar o Filho e o Espírito em missão para este mundo, deveríamos pensar que a Trindade decidiu que o Filho se encarnasse e que o Espírito Santo viesse iluminar a Igreja e os cristãos.

A verdade é que há um só Deus em três pessoas e é esse o Deus que criou, que conserva a vida, que salva e que glorifica seus fiéis. A única coisa feita apenas pelo Filho foi assumir um corpo humano, se fazer carne, padecer, morrer e ressuscitar. Mas inclusive a salvação, a remissão dos pecados é realização da Trindade. Por ter sido o Filho a se encarnar, nós vamos a Deus por, com e em Jesus Cristo. Com ele, o Caminho que leva a Deus, nos tornamos filhos de Deus.

É pena que tanto o Novo Testamento como a Liturgia nos levam a pensar no Pai, quando deveríamos pensar em Deus.


CNBB, 23-05-2016.

*Dom José Maria Maimone: Bispo emérito de Umuarama (PR).

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