Agência Ecclesia 05 de Junho de 2016, às 09:27
Físico português analisa as propostas do Papa Francisco sobre a ecologia e afirma que "não conhece fórmulas mágicas" de gerar energia
Lisboa, 05 jun 2016 (Ecclesia) – O professor de Física da Universidade de Lisboa Filipe Duarte Santos disse que os problemas enunciados na Laudato Si lançam desafios “até ao fim do século” e alertou para a inexistência de “fórmulas mágicas de gerar energia”
O professor catedrático do Departamento de Física da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa referiu à Agência ECCLESIA que a encíclica do Papa, publicada há um ano, teve “um grande impacto” e "está viva".
"É um documento que vai ter importância durante as próximas décadas. Estou convencido que é realmente importante e é atual. Os temas que aborda, dadas as circunstâncias, não se vão resolver num ano ou em dois anos, nem em 10 anos. São temas que nos levam até ao fim do século", afirma em entrevista à mais recente edição do Semanário Ecclesia.
“Houve da parte do Papa Francisco uma preocupação de se rodear de cientistas para o aconselharem na elaboração desta encíclica e isso é muito interessante na nossa época”, acrescentou.
No seu gabinete na Faculdade de Ciências, o docente alerta que o planeta terra é “finito, tem recursos finitos”, a tecnologia “não é capaz de resolver tudo” e a física “não conhece fórmulas mágicas” de gerar energia.
“Nós não produzimos energia, nós convertemos uma forma de energia noutra", recordou.
"Convertemos, por exemplo, a energia solar em energia eólica ou em energia hídrica. A energia que utilizamos nos combustíveis fósseis é a que está armazenada e que, originalmente, proveio do sol. Foi convertida através de plantas que viveram há milhões de anos e os restos dessas plantas passaram para o interior da terra e transformaram-se em carvão, em petróleo ou em gás natural”, desenvolve o docente responsável por disciplinas nas áreas da Física, Ambiente e Alterações Climáticas.
O professor catedrático destacou também a “evolução” da religião católica na preocupação com as questões da ecologia que “é muito bem-vinda para toda a humanidade”.
“O percurso da religião católica neste aspeto da Eco-Teologia foi interessante e diria mesmo paradigmático em relação a outras religiões”, refere Filipe Duarte Santos, observando que as “advertências” na Encíclica ‘Laudato Sí’ são “muito importantes para fazer refletir” e incentivam a estilos de vida “mais simples”.
A entrevista ao professor Filipe Duarte Santos foi realizada no âmbito do Dia Mundial do Ambiente, que se celebra este domingo, e pelo primeiro ano da publicação da Encíclica ‘Laudato Si’, que se assinala a 18 de junho.
CB/PR
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