Gilmar P. da Silva SJ*
Porque andamos tão cansados? Há dias que, objetivamente, não temos muito trabalho ou não fazemos nada de diferente, mantendo a mesma carga laboral e, ainda assim, sentimo-nos sem forças. É certo que o cansaço pode ser cumulativo, mas nem sempre ele surge de um período ininterrupto de atividades.
O cansaço, caracterizado pela falta de força e vitalidade, advém das exigências impostas sobre nós, demandando energia e desgastando fisicamente. O cansaço vem do gastar-se. Mas fique atento! Não é qualquer gastar que desgasta. Há atividades que nos exigem fisicamente, mas que nos enchem de vida. Isso porque elas, ao passo que demandam de nós, devolvem-nos a nós mesmos. Daí podemos até sentir certo cansaço físico, mas somos renovados em ânimo.
Quando a conta de água de uma casa começa a aumentar sem que o seu gasto aumente, suspeitamos de que haja um vazamento. Se cansaços repentinos nos sobrevêm, há de se questionar por onde se está perdendo forças. Provavelmente, há coisas que nos esgarçam, puxando para todos os lados, como a um tecido, até nos rasgar; outras, comprimindo-nos e nos esmagando, gerando opressão. A essas experiências costumamos chamar de estresse ou tensão.
O que se observa é que aquilo sobre o qual conseguimos construir sentido nos renova, enquanto há coisas que nos demanda energia e não gera retorno algum. Um voluntariado, uma prática esportiva, um livro etc., ao passo que exigem algo de nós, podem nos dar vida. Isso leva a crer que parte do problema está no sentido que encontramos em cada coisa. O que não nos dá sentido pode nos roubar a vida.
Talvez seja hora de desconectar um pouco da internet e deixar de ler os comentários em sites de notícias que não nos acrescentam nada, desligar a TV ou mudar de canal quando entra no ar um programa sensacionalista, ficar menos tempo com pessoas que só reclamam ou falam mal da vida alheia etc. Tudo isso atrapalha na experiência de sentido e só alimenta a desesperança, gerando cansaço e desânimo. Isso faz com que nós tenhamos o trabalho dobrado em construir sentido diante do mal que reconhecemos nos mundo por ocultar a beleza e a bondade que também existem nele. Nessas horas vale um conselho bíblico: “Examinai tudo e ficai com o que é bom”. Tem coisa que não vale a pena despender energia ou mesmo atenção.
Nada será como antes
Entre as coisas com as quais vale a pena gastar tempo é com a beleza. E quando ela é ilustrada por uma vida marcada pela arte, melhor ainda. Nesse sentido, um espetáculo baseado na vida e obra de um artista pode ser muito propício para renovar o imaginário, descansar a cabeça e animar o espírito.
"Milton Nascimento – Nada será como Antes – O Musical", após temporadas no Rio, São Paulo e Curitiba, chega a BH em 3 de setembro, sábado, às 19h, para uma apresentação na Praça Geralda Damata Pimentel (Lagoa da Pampulha). O premiado espetáculo homenageia os 50 anos de carreira e 70 de vida de um dos maiores expoentes da música brasileira.
Com direção de Charles Möeller e Claudio Botelho, o espetáculo se configura mais como show do que narrativa linear. Nele o público percorre algo da história nacional e da vida de Milton Nascimento, bem como sua maneira de encarar a realidade. São 48 canções do músico e um elenco de 14 artistas num cenário de casa mineira. A apresentação é gratuita.
Milton Nascimento – Nada será como Antes – O Musical
3 de Setembro, 19h, Praça Geralda Damata Pimentel (Lagoa da Pampulha).
Gratuito.
*Mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com pesquisa em Signo e Significação nas Mídias, Cultura e Ambientes Midiáticos. Graduação em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Possui Graduação em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Experiência na área de Filosofia, com ênfase na filosofia kierkegaardiana.
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