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O montante dos seminários permite descrever um quadro da situação atual da Igreja.
Prof. Lucia Pedrosa de Pádua: "A mística quer levar a Deus".
Por Gilmar Pereira*
Uma fé que busca suas razões ou sentidos, eis uma das possíveis tarefas da Teologia. Já a busca do sentido em si, por sua vez, faz parte das competências da Filosofia. Justamente pelos pontos de toque daquilo que compete a ambas, as relações e tensões entre Teologia e Filosofia devem ser debatidas. Para isso, a Faculdade Jesuíta (FAJE) juntou um grande número de professores para ministrar seminários ao logo dos dias 05 e 06 de Outubro, durante seu XII Simpósio Internacional Filosófico-Teológico.
Os professores Eugênio Riva (FAJE), João Mac Dowell (FAJE), Lucia Pedrosa de Pádua (PUC-Rio), Luiz Carlos Sureki (FAJE), Nilo Ribeiro (FAJE), Fernando Rey Puente (UFMG), Francisco de Aquino (UNICAP), Geraldo De Mori (FAJE), Lorenz Puntel (Univesidade de Munique) e Pablo Mella (Instituto Bonó) estiveram na condução dos seminários. Aos 5 primeiros foram reservadas as manhãs e, aos outros 5, a parte da tarde. Desse modo, os participantes puderam se inscrever em duas temáticas de seu interesse. Os desenvolvimentos dos seminários – todos participando do tema central, “Filosofia e Teologia: Relações e Tensões” – passam por questões tanto teórico-metodológicas como de âmbito pastoral.
Atenta a tendência de tal discussão se encerrar nos círculos acadêmicas, a professora Lucia Pedrosa de Pádua sentenciou: “A teologia tem a função de não deixar que a mística se transforme em pietismo, em subjetivismo. Ao mesmo tempo, a mística está sempre lembrando que a teologia não se esgota no discurso sobre Deus, ela quer levar a Deus mesmo”. Uma preocupação assim toca o cotidiano das comunidades de fé, que também passam por transformações. Particularmente, na América Latina, a organização eclesial assumiu grandemente o modelo das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), que aparenta atualmente certo declínio. Contudo, o professor Pablo Mella percebe que “muitas das práticas das CEBs estão sendo aplicadas em diferentes áreas que as pessoas nem sabem que vieram das CEBs”. Isso se relaciona também com seu paradigma, a Teologia da Libertação. Para Mella, “a teologia da libertação tem sido assumida de uma maneira diversa e em muitos cenários da igreja contemporânea. O futuro da Teologia da Libertação tem a ver com a chamada guinada intercultural”.
O montante dos seminários permite descrever um quadro da situação atual da Igreja; ao menos naquilo que toca as relações entre Filosofia e Teologia. Ao fim de cada dia, foi dada a oportunidade dos alunos de diversos lugares apresentarem suas comunicações, trazendo seu aporte ao tema. Ainda na noite do dia 06, os professores Eugênio Rivas, Delmar Cardoso e Lorenz Puntel também fizeram um debate. Outro momento alto na programação é a conferência do Prof. Dr. João Manuel Duque, da Universidade Católica Portuguesa, na manhã do dia 07, com o tema “Que Filosofia para que Teologia?”. O evento se encerra às 17h com um evento cultural.
Redação DomTotal
*Gilmar Pereira: Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, graduado em Filosofia pelo CES-JF, graduando em Teologia pela FAJE. Apaixonado por arte, cultura, filosofia, religião, psicologia, comunicação, ciências sociais... enfim, um "cara de humanas".
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