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A Dinamarca já é o país com a maior produção e comércio de produtos orgânicos do mundo.
A revolução ecológica na Dinamarca passa pela agricultura familiar e busca o consumo consciente
Por Marco Lacerda*
A Dinamarca já é o país com maior desenvolvimento e amplitude do comércio de produtos orgânicos, mas se engana quem pensa que vai contentar-se com essa marca. O governo dinamarquês pretende agora adotar uma agricultura totalmente sustentável por meio da transformação de toda sua produção em orgânica.
A meta é duplicar a quantidade atual de terra cultivada organicamente até 2020. Só até o final de 2015 serão investidos mais de 53 milhões de euros para ampliar esse tipo de agricultura sustentável, que dispensa a utilização de agrotóxicos.
O país nórdico, que já tem um histórico de pelo menos 25 anos de leis que protegem o meio ambiente, também planeja estimular uma maior demanda para os produtos de origem comprovadamente orgânica e ambientalmente correta.
De acordo com a meta dinamarquesa, escolas, cantinas e hospitais terão até 60% de alimentos de origem orgânica. A grade escolar, por sua vez, contará com a inclusão de cursos de nutrição, alimentação saudável e agricultura natural.
Antes do país europeu, o Butão (situado ao Sul da Ásia) já havia anunciado que, a partir de 2020, só permitirá produtos provenientes da agricultura orgânica.
Consumo consciente
Todos sabem que orgânico é o alimento produzido dentro dos princípios da ecologia, gerado sem o emprego de fertilizantes ou pesticidas sintéticos. Não só o alimento como o produto, processo ou método que respeita esses princípios. O que a maioria desconhece é a cadeia de sustentabilidade que existe por trás do produto orgânico, animal ou vegetal. O produtor orgânico tem que seguir uma série de regras para que seja mantida a harmonia entre os setores social, ambiental e econômico.
É preciso cumprir a legislação sanitária, os trabalhadores e suas famílias têm seus direitos preservados, o solo só pode ser enriquecido naturalmente e os animais devem ser criados livres. Nada de usar agrotóxicos, pesticidas, adubos químicos, sementes transgênicas, hormônios de crescimento, anabolizantes e outras drogas. Ou seja, ao levar o produto certificado como orgânico para casa, o consumidor está cuidando da sua saúde e entrando numa corrente aonde os elos vão desde a despoluição do meio ambiente, passando pela agricultura familiar que gera emprego e renda e terminando no consumo consciente.
Brasil, paraíso dos agrotóxicos
Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa.
Segundo o Dossiê Abrasco - um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, publicado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas. "Isso sem contar os alimentos processados, que são feitos a partir de grãos geneticamente modificados e cheios dessas substâncias químicas", diz Friederich.
De acordo com ela, mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil hoje são banidos em países da União Europeia e nos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam, anualmente, 70.000 intoxicações agudas e crônicas.
O uso dessas substâncias está altamente associado à incidência de doenças como o câncer e outras genéticas. Por causa da gravidade do problema, o Ministério Público Federal enviou um documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendando que seja concluída com urgência a reavaliação toxicológica de uma substância chamada glifosato e que a agência determine o banimento desse herbicida no mercado nacional.
Conheça um pouco da agricultura orgânica da Dinamarca
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal.
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