quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Papa exige rigor na gestão dos bens da Igreja, contra corrupção ou investimentos sem ética

Colóquio de Francisco com responsáveis mundiais dos Institutos Religiosos

Roma, 09 fev 2017 (Ecclesia) - O Papa Francisco rejeita, em entrevista divulgada hoje na Itália, a corrupção na gestão financeira do Vaticano ou investimentos pouco éticos com dinheiro da Igreja, como na indústria de armamentos.
“É importante verificar como é que os bancos investem o dinheiro. Nunca deve acontecer que haja investimento em armas, por exemplo. Nunca”, pediu, durante uma conversa com mais de 140 responsáveis mundiais de Institutos Religiosos católicos.
O encontro decorreu em novembro de 2016, à porta fechada, e o conteúdo da intervenção do Papa, que respondeu a várias perguntas dos presentes, é divulgado hoje pela revista italiana dos jesuítas, ‘La Civiltà Cattolica’.
“Os problemas chegam quando se mexe nos bolsos! Penso na questão da alienação dos bens: com os bens temos de ser muito delicados”, assinalou Francisco.
“O Senhor quer muito que os religiosos sejam pobres”, acrescentou.
O primeiro Papa jesuíta da história considera que a pobreza é “medular” na vida da Igreja Católica, tendo sempre “consequências fortes” segundo a forma como é observada ou não.
Francisco recorda que nas reuniões de cardeais antes da sua eleição, em 2013, se falava da necessidade de “reformas” e que todos as queriam.
“Há corrupção no Vaticano, mas eu estou em paz”, referiu o Papa, que tem levado a cabo um conjunto de reformas nas áreas financeiras e administrativas da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, internacionalizando a sua gestão e supervisão.
O encontro com a 88ª assembleia geral dos superiores gerais das ordens e congregações religiosas masculinas evocou a surpresa sentida pelo atual Papa, aquando da sua eleição como sucessor de Bento XVI, e a forma como tem vivido desde então, numa “paz profunda”.
“Não tenho problemas em admitir que estou a viver uma experiência completamente nova para mim. Em Buenos Aires era mais ansiosos, confesso, sentia-me mais tenso e preocupado”, declarou.
Francisco pediu aos responsáveis mundiais dos Institutos Religiosos que “nunca” lavem as mãos perante os problemas e que vivam a mensagem do Evangelho “sem calmantes”.
O Papa falou também da importância de práticas penitenciais, como o jejum ou o cilício.
“Se algo te ajuda, faz isso, também o cilício. Mas só se te ajuda a ser mais livre, não se serve para mostrar-te a ti próprio que és forte”, advertiu.
A intervenção deixou votos de que os religiosos testemunhem ao mundo uma “fraternidade mais humilde” e que, no seio da Igreja Católica, se sintam “plenamente” dentro da vida da diocese em que se encontram.
Francisco despediu-se dos superiores gerais com uma mensagem de coragem, antes de os cumprimentar um a um.
“Só quem não faz nada é que nunca erra. Temos de ir em frente! Iremos errar às vezes, sim, mas a misericórdia de Deus está sempre ao nosso lado”, concluiu.
OC

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