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A gratidão é a resposta de quem teve o coração e a vida tocados pelo outro.
É preciso que assumamos o Dar Graças como maneira de vida, revelando nossa gratidão por tantos dons que nos são dados, mesmo nos momentos áridos da vida. (Divulgação/ Pixabay)
Por Felipe Magalhães Francisco*
Gratuidade é uma palavra de luxo, num mundo em que todas as coisas têm preço. As próprias relações interpessoais chegam a ser pautadas em valores de utilidade e serventia. A reciprocidade é um convite tabelado, que vai exigindo retribuição na mesma medida. Na maneira como temos vivido, gratuidade e reciprocidade parecem ser coisas que não se interpenetram. Resgatar o verdadeiro valor da gratuidade é uma tarefa importante em nosso desenvolvimento humano, tornando as relações mais possíveis e mais leves e livres.
Ligada à questão da gratuidade, está a gratidão. A gratuidade é a maneira de tocar o coração e a vida das pessoas, de modo abnegado e desprendido; a gratidão é a resposta de quem teve o coração e a vida tocados por outrem. A gratidão, em última instância, refere-se ao reconhecimento de que o que somos e temos não é fruto, exclusivamente, de nós mesmos. Somos chamados à gratidão porque o que nos constitui como pessoas humanas são as relações que estabelecemos ao longo da vida: conosco, com os outros, com o mundo e com Deus. A vida, ela própria, não nos pertence: ela é dom a ser por nós assumido na responsabilidade que nasce da gratidão.
Ontem, dia 23, constava no calendário o Dia Mundial da Ação de Graças, data que, culturalmente, não nos mobiliza e nem tem agregado valor festivo. Contudo, é boa oportunidade para refletirmos sobre esse tema tão importante e que enobrece, sobremaneira, nosso modo de viver humano: que é o dar graças pelo que somos e temos. É preciso que assumamos o Dar Graças, importante dizer, como maneira de vida, revelando nossa gratidão por tantos dons que nos são dados, mesmo nos momentos áridos da vida.
A primeira reflexão que aqui propomos é o artigo Em tudo dai graças, de Daniel Couto. No texto, o autor pensa o tema da gratidão, em três estados: o primeiro, a gratidão como resposta da relação; o segundo, a gratidão pela vontade; e o terceiro, a gratidão pura. Ao longo da vida, todos somos chamados a experimentar esses três estados da gratidão, para o fortalecimento das relações humanizadoras e para a instituição de vínculos.
O segundo artigo, Thanksgiving Day: O despertar da consciência faz todo dia ser dia de Ação de Graças, de Luciana Cangussu, reflete sobre a dimensão do desenvolvimento da pessoa, a partir do despertar da consciência, como um processo contínuo de autoconhecimento. Esse processo faz com que o despertar da consciência aponte para aquele que tudo nos deu por pura graça. Ao longo da vida, todos temos a oportunidade de ampliar nossa consciência, desenvolvendo-nos como pessoas, e fazendo de nossa vida uma constante ação de graças.
Finalizando nossa matéria especial, temos o terceiro artigo: Dar graças em tempos sombrios, de César Thiago do Carmo Alves. Em tempos em que tudo parece sem luz e sem esperança, ainda assim é preciso nutrir uma postura de gratidão. Essa postura faz parte de nosso próprio desenvolvimento espiritual, percebendo a ação de Deus, que age salvificamente em meio aos escombros da história. Dar graças em tempos difíceis significa tornar a nossa vida eucarística (eucaristia = ação de graças), tal como a vida doada de Jesus, num caminho discipular e que aponta para o Reino.
Boa leitura!
*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.
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