quarta-feira, 7 de março de 2018

Ex-presidente do banco do Vaticano vai a julgamento

domtotal.com
Processo contra ex-presidente do banco do Vaticano faz parte da 'faxina' operada pelo papa Francisco na instituição.
Guardas suíças passam perto do banco do Vaticano (IOR), localizado na torre de Nicolau V no Vaticano.
Guardas suíças passam perto do banco do Vaticano (IOR), localizado na torre de Nicolau V no Vaticano.
 (Eric Vandeville/ ABACAPRESS.COM/ PA)
Por Christopher Lamb in Rome*

Um ex-presidente do banco do Vaticano será julgado por defraudar a instituição em milhões de euros, tornando-se o oficial de maior patente na Santa Sé a ser processado por crimes financeiros. 

O banco, oficialmente conhecido como IOR (Instituto para as Obras de Religião), anunciou em uma declaração que o ex-presidente e seu advogado serão julgados por desfalque e lavagem de dinheiro. Os danos são estimados em mais de € 50 milhões. 

Procedimentos legais contra Angelo Caloia, 78, que liderou o IOR por vinte anos (de 1989 a 2009), e seu ex-consultor jurídico Gabriele Liuzzo, 94, terão início em um tribunal do Vaticano em 15 de março. Ambos negam as irregularidades. Um terceiro indivíduo, o ex-diretor geral do banco, Lelio Scaletto, também é acusado de fazer parte da alegada conduta ilegal, mas já faleceu. 

O julgamento é um importante passo na limpeza que Papa Francisco quer operar nas finanças do Vaticano, com processos penais para comportamento criminoso, uma prova fundamental de que as reformas estão sendo implementadas. 

Em 2015, a agência anti-lavagem de dinheiro da Europa disse que a Santa Sé deveria entregar alguns  "resultados reais"  em termos de responsabilizar os infractores, enquanto René Brülhart, presidente do órgão de fiscalização financeiro da Santa Sé, disse no verão passado que era  "uma observação justa e objetiva"  perguntar por que os processos não foram conduzidos. 

Brülhart lidera a Autoridade de Informação Financeira do Vaticano (FIA), criada por Bento XVI em 2010, e construiu um robusto sistema de vigilância sobre o banco, que detém ativos de cerca de € 5,7 bilhões.

Em sua declaração anunciando o julgamento, o IOR disse que a "conduta ilegal" foi realizada pelos três homens entre 2001 e 2008, que viu como "disponíveis" 29 edifícios de propriedade do banco do Vaticano. Esta era uma "parte considerável" da carteira imobiliária do IOR e as investigações estavam em curso no assunto desde 2014.  

Segundo uma determinação de congelamento de 2014 dos ativos do indivíduo, de acordo com a Reuters, o acusado teria vendido os imóveis abaixo do valor de mercado para terceiros que o revenderam por valor mais alto e embolsado a diferença. Um vazamento de € 57 milhões. 

Uma investigação sobre as vendas de imóveis foi encomendada por outro ex-presidente da IOR, Ernst von Freyburg, que assumiu o cargo de presidente em 2013 e lançou uma revisão drástica do banco.

Inicialmente, o Papa queria fechar o IOR seguindo o argumento de que "São Pedro não tinha uma conta bancária". Mais tarde, ele concordou que uma reforma robusta acontecesse e ordenou que as finanças sombrias do banco sejam colocadas em ordem.  

O IOR diz que agora "pretende prosseguir com processos judiciais, criminais e civis, à qualquer atividade ilícita realizada, independentemente de onde ocorreu e quem realizou", e revelou que uma ação civil também está sendo realizada contra duas tentativas.  

Enquanto isso, em fevereiro, o banco do Vaticano anunciou que havia processado com sucesso dois ex-gerentes por má administração, enquanto no ano passado a Itália colocou a Santa Sé em uma "lista branca" de Estados com os quais pode cooperar, encerrando anos de desconfiança entre os dois. 


The Tablet - Tradução: Gilmar Pereira

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