terça-feira, 24 de abril de 2018

Como a amizade é sinônimo de salvação

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Reação ao filme 'Paulo, apóstolo de Cristo' ressalta a importância colossal da amizade de Paulo com Lucas.
Jim Caviezel (esquerda) interpreta São Lucas em 'Paulo, Apóstolo de Cristo', que trás também James Faulkner (direita) no papel principal.
Jim Caviezel (esquerda) interpreta São Lucas em 'Paulo, Apóstolo de Cristo', que trás também James Faulkner (direita) no papel principal. (Affirm Films)
Por Scott Hahn*

O que sei sobre filme pode caber tranquilamente em um único quadro. Eu não sou nem Siskel nem Ebert, nem mesmo os pequenos personagens-robôs em “Mystery Science Theatre 3000”.

Mas sei uma coisa ou duas sobre o Novo Testamento, e sei o que gosto em um filme. Fiquei profundamente comovido com o filme Paulo, apóstolo de Cristo. Fez-me ciente, pela primeira vez, de algo que deveria ter sido óbvio para mim - algo oculto à vista de todas as Escrituras.

O filme me fez ver a importância colossal da amizade de Paulo com Lucas - não apenas para o apóstolo, e não apenas em sua geração, mas no plano providencial de Deus para a Igreja Cristã.

Seu relacionamento é diferente. Aparece primeiro no Novo Testamento, no capítulo 16 dos Atos dos Apóstolos, e surge de maneira sutil. Lucas, autor do livro dos Atos dos apóstolos, simplesmente começa a usar o pronome da primeira pessoa do plural, nós, em sua narração, porque agora ele está viajando com Paulo. É sutil, mas impressionante em sua sutileza. É o marcador claro do início de uma amizade.

Paulo, por sua vez, menciona Lucas frequentemente. Talvez a menção mais antiga, em ordem cronológica, esteja na Carta do Apóstolo a Filémon, que termina com uma menção de Lucas entre os “companheiros” de Paulo.

Em sua Carta aos Colossenses, Paulo eleva o nível, referindo-se apenas a Lucas como seu “querido amigo” e “doutor”.

Na segunda das grandes cartas pastorais de Paulo a Timóteo, depois de nomear aqueles que o abandonaram, ele diz com tristeza: “Só Lucas está comigo” (2 Timóteo 4,11).

Apenas Lucas, de fato.

O relacionamento de Paulo com Lucas era único. Ele se refere a Timóteo e Tito como seus filhos, suas crianças (1 Timóteo 1,18; Tito 1, 4). Lucas é um amigo, amado e leal. Ele é a outra metade desse "nós" que foi mencionado. Só ele permanece.

Juntos, eles realizaram o que nenhum homem poderia fazer sozinho. Lucas escreveu os dois livros mais longos do Novo Testamento, o terceiro Evangelho e a história da recém-nascida Igreja, os Atos dos Apóstolos. Paulo escreveu mais livros do Novo Testamento do que qualquer outro - treze ou quatorze, dependendo de como você conta.

O Evangelho de Lucas contem 19.482 palavras, e o livro dos Atos conta com 18.451 palavras, completando um total de 37.933 palavras. As treze cartas de Paulo totalizam 32.407 palavras (se você adicionar Hebreus, a contagem aumentará para 37.460).

Assim, Paulo e Lucas juntos escreveram pelo menos 70.340 das 138.020 palavras do Novo Testamento.

Juntos, escreveram mais da metade desse livro (ou conjunto de livros) que a Igreja designou como sendo inspirado por Deus.

E nunca devemos duvidar que a relação entre eles significava uma verdadeira colaboração. Eles viajaram juntos. Animaram-se um ao outro. Desde os primeiros Pais da Igreja, os leitores se referiram ao Evangelho de Lucas como "o evangelho de Paulo", porque a narrativa representa tão perfeitamente a teologia que encontramos em suas cartas.

A amizade de Lucas e Paulo foi o dínamo que impulsionou o crescimento da Igreja em sua primeira geração. Esse foi o propósito providencial de Deus quando os juntou. Como o filme deixa claro, suas vidas mudaram a partir daquele momento.

Assim fez a sua vida e a minha. Porque Paulo e Lucas juntos realizaram o que nunca poderiam ter feito sozinhos.

Este é o poder da amizade no plano de Deus. É por isso que Jesus chamou seus apóstolos de “amigos” (João 15,15). É por isso que os primeiros cristãos usaram as palavras "os amigos" como sinônimo da Igreja (3 João 1,15).

Amizade é sinônimo de salvação. Paulo sabia disso. Lucas sabia disso. Sua amizade era uma graça divina que lhes permitia fazer maravilhas.

Isso é tão óbvio. No entanto, eu nunca vi isso claramente até que assisti Paulo, apóstolo de Cristo.

Que maravilhas apostólicas espera Deus trabalhar através de suas amizades e das minhas?


National Catholic Register - Tradução: Ramón Lara

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